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Fed: após "super" payroll, mercado reduz aposta de queda de juros nos EUA ainda em 2023

Taxa de desemprego dos Estados Unidos caiu para a mais baixa desde 1969

Jerome Powell, presidente do Fed (Joshua Roberts/Getty Images)

Jerome Powell, presidente do Fed (Joshua Roberts/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 3 de fevereiro de 2023 às 11h51.

Última atualização em 3 de fevereiro de 2023 às 12h06.

Os dados divuldados nos Estados Unidos nesta sexta-feira, 3, reveleram um mercado de trabalho mais aquecido do que o esperado para o mês de janeiro, provocando reações em cadeia no mercado financeiro.

O payroll, considerado um dos principais indicadores da economia americana, revelou a criação de 517.000 empregos urbanos no mês. O número foi o maior em 11 meses e quase o triplo do consenso de mercado, que era de 187.000 novos postos em janeiro. Já a taxa de desemprego caiu de 3,5% para 3,4% -- a menor desde 1969. A expectativa era de alta para 3,6%. O aumento dos postos de trabalho foi puxado pelo setor de lazer e hotelaria.

Com isso, a pressão sobre salários também se mostrou superior à esperada, o que foi encarado pelo mercado como um desafio a mais para o Federal Reserve (Fed) colocar a inflação de volta aos eixos. No mês, o aumento anual de salário médio por hora trabalhada no país foi de 4,4% contra a projeção de 4,3% alta.

"Os dados reacendem a perspectiva de que há muito trabalho ainda a ser feito em termos de controlar o nível de atividade da economia e consequentemente manter taxas de juros elevadas por um prazo maior do que o que vem sendo colocado na curva de juros", afirmou William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Juros altos por mais tempo

Após a divulgação do payroll, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano (treasuries) viraram para alta, com investidores passando a precificar um cenário de juros altos por mais tempo e maior chance de novas altas de juros.

No mercado, investidores praticamente abandoram as apostas de que os juros se manteriam estáveis após a última alta do Fed para o intervalo entre 4,50% e 4,75%. Segundo monitor do CME Group, a probabilidade ímplicita de o ciclo de alta de juros ter terminado caiu de 17,3% (precificado na  véspera) para 2,6%.

Também houve queda nas probabilidades de um novo ciclo de queda de juros iniciar ainda neste ano. Até ontem investidores precificavam 34,5% de chance de o juro voltar para entre 4,25% e 4,5% ainda neste ano. A probabilidade, agora, está em 25,5%. Já a chance precificada de o juro terminar entre 4,75% e 5% subiu de 10,4% para 23,1%.

Bolsa em queda, dólar em alta

A mudança de perspectiva ocorre pouco após as falas do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, terem alimentado a esperança de que o ciclo de queda de juros pudesse estar mais próximo. Após decisão de juros desta semana, Powell afirmou que poder dizer "pela primeira vez que o processo desinflacionário começou". A declaração jogou doses de euforia no mercado, provocando altas nas bolsas de valores. Mas, nesta sexta, a reação é exatamente oposta.

Índices de Wall Street, que caíam no mercado de futuros, com investidores digerindo dados fracos das big techs, estenderam as perdas após o payroll desta manhã.Já o dólar, que vinha de dias de queda, voltou a se fortalecer contra moedas desenvolvidas e emergentes. No Brasil, a moeda americana chegou a R$ 5,10 apenas um dia após ser negociada na casa dos R$ 4,90.

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