João Luiz Fukunaga, presidente da Previ, maior fundo de pensão do país, anunciou sua saída da fundação para assumir a diretoria de Relações Governamentais e ASG da EloPar, holding formada por Banco do Brasil e Bradesco. Seu nome sofreu desgastes desde o começo do ano, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma auditoria para investigar o déficit de R$ 17,6 bilhões no principal fundo da gestora.
Na época, a Previ explicou que houve uma oscilação normal de mercado, que refletiu nos resultados do Plano 1 e do Previ Futuro. "Alguns dos principais ativos, como a Vale (VALE3), tiveram seu valor bastante depreciado ao longo do ano, representando um grande volume desse resultado. Ativos de renda fixa que estão marcados a mercado também oscilaram no período", informou o fundo, que administra patrimônio superior a R$ 270 bilhões.
No lugar de Fukunaga, o Banco do Brasil indicou o funcionário de carreira Márcio Chiumento, atual diretor de Participações da entidade. As mudanças no comando da Previ vinham sendo discutidas há meses, como a EXAME chegou a antecipar.
O Conselho Deliberativo já iniciou os trâmites para a posse do novo presidente.
Críticas antigas
Indicado em 2023 pela presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros,Fukunaga foi alvo de questionamentos por seu passado ligado ao movimento sindical e suposta falta de experiência como executivo.
O sindicalista também encontrou resistência no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Planalto. A substituição era vista como uma forma de tentar reverter o desgaste político.
Graduado em História e com mestrado em História Social, Fukunaga integra o quadro do BB desde 2008. Em 2012, participou do Sindicato dos Bancários de São Paulo e chegou a coordenar a Comissão de Negociação dos Funcionários do Banco do Brasil.
Foi o primeiro representante de origem sindical a assumir o comando da Previ desde 2010.
Desinvestimentos
Entre 2023 e 2025, a alocação em renda variável da Previ caiu de 32% para 18%, com cerca de R$ 30 bilhões desinvestidos e realocados em renda fixa. Fukunaga liderou o desinvestimento em mais de 50 empresas desde 2024, incluindo a BRF (BRFS3), e reforçou a carteira de títulos públicos em mais de R$ 19 bilhões.
O fundo também cita a venda da participação na Neoenergia, com valorização de aproximadamente 20% sobre o valor de mercado das ações, resultando em reforço de cerca de R$ 12 bilhões no caixa do Plano 1.
Novo presidente
Funcionário de carreira do BB desde 2000, Márcio Chiumento atuou em posições estratégicas, incluindo a liderança de áreas de Clientes, Estratégia e Produtos do segmento Setor Público. Também foi Ouvidor-Geral do BB, gerente executivo na Diretoria de Atendimento e Canais, gerente de administração na Superintendência de Varejo, administrador de agências e consultor de investimentos nos segmentos Private e Alta Renda. Atualmente, integra o Conselho de Administração da Neoenergia e é vice-presidente do Conselho de Administração da Tupy.
Para o lugar de Márcio Chiumento, o BB indicou Adriana Chagastelles, a primeira mulher indicada pela instituição para um cargo de direção na entidade. Antes da nova função, liderou áreas estratégicas como Administração Imobiliária e Secretaria Executiva de Governança. Em sua trajetória, passou pelas gerências de Participações Mobiliárias, Mercado de Capitais e Investimentos Estratégicos, além de atuar como conselheira em diversas empresas participadas da Previ.