Invest

Gigantes na berlinda: WEG e Embraer devem se preparar para ‘controle de danos’ com tarifaço

A uma semana da vigência das tarifas dos EUA, cenário de acordo é cada vez menos provável; situação é mais crítica para a fabricante de aeronaves, diz BTG

Fábrica da Embraer em São José dos Campos: Oportunidades para mitigar as tarifas são "menos óbvias", diz o BTG (Leandro Fonseca/Exame)

Fábrica da Embraer em São José dos Campos: Oportunidades para mitigar as tarifas são "menos óbvias", diz o BTG (Leandro Fonseca/Exame)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 25 de julho de 2025 às 12h48.

O deadline para a implementação de tarifas de 50% às importações brasileiras pelos Estados Unidos está próximo. E a uma semana do prazo, as indicações de um acordo entre ambos os países ainda parecem distantes – uma péssima notícia para WEG e Embraer, duas das maiores e mais competitivas multinacionais brasileiras.

“O cenário de uma implementação mais suave das tarifas, que chegou a ser antecipado pelos investidores agora parece mais distante”, disse a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) em relatório.

Nesse cenário, é hora de as empresas partirem para o modo de “controle de danos”, alerta o analista Lucas Marquiori.

A ameaça é maior para a Embraer, cujo CEO já veio a público para dizer que o impacto das tarifas de importação seria equivalente a “uma covid” para a empresa, com um custo total de mais de R$ 2 bilhões por ano.

As opções de mitigação, por sua vez, são “menos óbvias”, dizem os analistas. O maior impacto seria na divisão executiva. “A companhia pode perder competitividade para outras plataformas de produtos, como os jatos Gulfstream, Cessnas e o Challenger, da Bombardier”, pontua o banco.

Na aviação comercial, as tarifas vêm num momento em que os custos já estão pressionados nos Estados Unidos e devem se traduzir em preços maiores das passagens aéreas para os consumidores, especialmente nas rotas regionais.

Na WEG, o aumento de produção nos Estados Unidos e no México pode ser um caminho, diz Marquiori – ainda que longe de ser simples.

As tarifas afetam principalmente as exportações de motores de baixa voltagem da WEG do Brasil para os EUA, que, nas estimativas do banco, giram em torno de R$ 2 bilhões. O aumento das tarifas dos atuais 10% para 50%, custaria, portanto cerca de R$ 800 milhões à companhia.

Uma opção “paliativa” inclui transferir a produção para o México, protegido pelas regras comerciais do USMCA, ou escalar a produção da Marathon nos Estados Unidos, o que provavelmente levaria mais tempo, dado que WEG e Marathon fabricam hoje produtos diferentes.

“Temos uma preocupação em relação ao market share, dado que a WEG fornece motores para os Estados Unidos primordialmente a partir do Brasil e das unidades da Marathon que foram adquiridas recentemente, e ainda deve levar um tempo para operar em todo o seu potencial”, aponta o analista.

Para piorar a situação, a europeia ABB, uma das principais rivais da WEG, está em condições mais favoráveis, dado que tem mais conteúdo local americano – e, portanto deve enfrentar menores pressões de custo.

A ameaça vem num momento mais crítico para a WEG, que já vinha enfrentando um escrutínio cada vez maior dos investidores, em meio à desaceleração das receitas e pressão de margens que vem resultando em frustração nos balanços trimestrais.

Acompanhe tudo sobre:TarifasWEGEmbraer

Mais de Invest

Bolha da rosquinha? Ações da Krispy Kreme disparam sem motivo aparente. É a volta das ‘meme stocks’

Efeito Trump: Volkswagen propõe levar fábrica da Audi ao EUA para escapar do tarifaço

S&P 500 atinge novo recorde com apoio de balanços positivos

China impulsiona bolsa de Hong Kong com maior volume de investimento da história