Gol: empresa teve o aval para sair do processo de recuperação judicial, conhecido como Chapter 11 nos Estados Unidos, no início de junho deste ano. (Gol/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 12 de junho de 2025 às 17h21.
Última atualização em 12 de junho de 2025 às 18h13.
A partir desta quinta-feira, a companhia aérea Gol iniciou a negociação de seus novos papéis na B3. O ticker mudou de GOLL3 e GOLL4 para GOLL53 e GOLL54 e subiu mais de 400%. Mas o salto é um efeito contábil ilusório.
A mudança de ticker está relacionada à reestruturação da empresa que prevê um aumento de capital da ordem de R$ 12 bilhões. No total, são 8,1 trilhões de ações ordinárias ao preço de R$ 0,00029 cada e 968,8 bilhões de ações preferenciais a R$ 0,01 por papel. As ações passaram a ter fator de cotação baseado em lotes de 1 mil ações, com lote padrão de negociação também de 1 mil unidades. Os acionistas minoritários têm até 14 de julho, quando aí, sim, o valor de tela vai ser o real.
Segundo o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), esse aumento de capital vai resultar numa diluição acionário relevante, da ordem de 99,8%. A Abra Group, controladora da companhia, passou a deter cerca de 80% da totalidade das ações ordinárias e preferenciais.
"Considerando essa forte diluição e a elevada alavancagem, mantemos nossa recomendação de venda”, destacou o banco em relatório.
As negociações das ações da Gol começaram nesta quinta-feira, 12, com o chamado direito de preferência. Isso ocorre quando uma empresa decide colocar mais ações à venda na Bolsa de Valores. Em casos assim, ela é obrigada a dar preferência de compra dessas novas ações aos atuais investidores.
Com o início do direito de preferência, a negociação das ações da Gol também mudará: os papéis serão operados em lotes de 1 mil ações, com novos tickers — GOLL53 para ações ordinárias e GOLL54 para preferenciais.
Mesmo após o processo de reestruturação, a alavancagem da companhia continuará elevada, em 5,4 vezes, considerando a relação a dívida líquida sobre o lucro antes dos juros, tributos, depreciação e amortização (Ebitda).
A empresa teve o aval para sair do processo de recuperação judicial, conhecido como Chapter 11 nos Estados Unidos, no início de junho deste ano.
Nos últimos seis meses, a empresa vinha negociando com investidores âncora para garantir os fundos necessários à reestruturação financeira. Para viabilizar a retomada, a GOL garantiu um financiamento de saída (exit financing) de US$ 1,9 bilhão, que servirá para quitar integralmente a dívida do financiamento anterior (DIP financing) de US$ 1 bilhão e ainda reforçar o caixa para os próximos passos estratégicos.