(Patricia Monteiro/Bloomberg)
Redação Exame
Publicado em 25 de setembro de 2025 às 06h00.
Mesmo com o forte desempenho das ações brasileiras neste ano, o UBS continua a considerar a bolsa atraente, combinando altos retornos sobre o patrimônio (ROEs, na sigla em inglês), valuations convidativos, além do benefício de dois ventos favoráveis simultâneos: o ciclo de afrouxamento monetário nos EUA e a probabilidade de o Banco Central do Brasil reduzir juros a partir do próximo ano — apesar dos desafios fiscais persistindo. Com um bônus: o banco também espera que o real permaneça estável.
Até o momento, as ações brasileiras acumulam alta próxima a 40% em dólares. A valorização do real contribuiu para o retorno dolarizado, com a moeda subindo mais de 26% em 2025. Segundo o UBS, o renovado interesse de investidores internacionais tem sido um dos principais motores do rali nos ativos brasileiros.
"O sentimento também foi apoiado pelo aumento das expectativas de mudança na política econômica em 2026, independentemente do resultado da eleição presidencial", aponta o relatório.
Outubro marca o início do ciclo eleitoral, iniciando o período de 12 meses antes das eleições gerais, quando os eleitores escolherão um novo presidente, 27 governadores, 54 senadores e 513 deputados federais.
Na avaliação do banco, o presidente Lula provavelmente buscará a reeleição, tendo recuperado boa parte da popularidade perdida no início do ano, em parte favorecido pela forte desaceleração da inflação de alimentos.
Enquanto isso, partidos de direita e centro-direita buscam o apoio do ex-presidente Bolsonaro para indicar um candidato, já que ele está impedido de concorrer pela Justiça brasileira.
O UBS destaca que os fundamentos das empresas brasileiras permanecem sólidos, sustentando a recuperação esperada dos lucros no próximo ano.
O consenso de mercado projeta crescimento de resultados para o MSCI Brasil (índice do Morgan composto por ações brasileiras) na faixa de um dígito médio a alto no próximo ano, apoiado por demanda doméstica resiliente, crescimento real dos salários, emprego, medidas fiscais de apoio ao consumidor e às empresas, gestão disciplinada de custos e um real mais forte — que ajuda a conter a inflação importada e protege as margens.
De acordo com o banco, as avaliações continuam atraentes, com o MSCI Brasil sendo negociado a 8,8 vezes P/L (Preço sobre Lucro), abaixo da média de 10 anos. O ROE, por sua vez, é de 16,1%, acima da média dos mercados emergentes de 12,9%. Nesse sentido, o banco aponta que a combinação de baixas avaliações e alta rentabilidade sugere espaço para expansão dos múltiplos à medida que o sentimento melhora.
Olhando à frente, o UBS destaca que os próximos seis meses serão críticos, à medida que os mercados precificam os efeitos do afrouxamento monetário no Brasil e nos EUA e possíveis mudanças de políticas após a eleição.