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Ibovespa fecha em queda com desdobramentos das tarifas de Trump; índice cai 0,4%

No cenário doméstico, as incertezas fiscais e as discussões sobre o IOF também contribuem para o ambiente de cautela

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de julho de 2025 às 14h30.

Última atualização em 11 de julho de 2025 às 17h32.

O Ibovespa fecha nesta sexta-feira, 11, em queda de 0,41%, aos 136.187 pontos, com a escalada na guerra comercial pelo governo Trump, que impôs tarifas de 50% ao Brasil, ainda segue trazendo impacto negativo para o Ibovespa assim como para os juros futuros no mercado brasileiro.

"No cenário doméstico, as incertezas fiscais e as discussões sobre o IOF também contribuem para o ambiente de cautela. A valorização do petróleo e do minério de ferro ofereceu algum alívio no final da sessão marcada por alta volatilidade", destaca o especialista em investimentos da Nomad, Bruno Shahini.

Em Wall Street, os índices terminaram o dia no vermelho, com a falta de avanços nas negociações entre Estados Unidos e União Europeia. O S&P 500 recuou 0,33%, enquanto o Nasdaq 100 caiu 0,22%. O Dow Jones, por sua vez, cedeu 0,63%.

Tarifas de Trump

Os mercados operaram em clima mais ameno, após a reação moderada do governo brasileiro à tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou que não pretende retaliar imediatamente e afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional, que poderá usar a Lei de Reciprocidade caso as negociações fracassem. Segundo Lula, a prioridade será buscar articulação diplomática com outros países afetados para levar o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC).

No Congresso, líderes da Câmara e do Senado sugeriram o uso da Lei de Reciprocidade, e aliados de Jair Bolsonaro pressionaram para que o ex-presidente interceda junto a Donald Trump. A leitura é de que uma eventual desistência de Trump poderia fortalecer Bolsonaro politicamente.

No cenário internacional, os investidores seguiram atentos à escalada tarifária promovida por Trump. Depois de confirmar uma tarifa de 35% sobre produtos do Canadá, o presidente afirmou que nesta sexta-feira será a vez da União Europeia receber uma carta com os novos termos tarifários. A expectativa é de que o tom das medidas determine o humor dos mercados nos próximos dias.

BRF e Marfrig

As ações da Marfrig (MRFG3) e da BRF (BRFS3) despencaram na bolsa na tarde desta sexta-feira, 11, após a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adiar, pela segunda vez, a Assembleia Geral Extraordinária (AGE) que irá deliberar sobre a fusão entre as duas companhias. A autarquia determinou que a AGE seja postergada por 21 dias, para que as empresas apresentem mais esclarecimentos sobre os dados utilizados pelos comitês independentes na elaboração da proposta.

Os papéis da Marfrig caíram 4,17%, sendo negociados a R$ 23,00 - uma das cinco maiores baixas do Ibovespa. As ações da BRF não ficaram muito atrás, recuaram 4,35%, a R$ 22,00.

Indústria e serviços

O volume de serviços no Brasil cresceu 0,1% em maio de 2025 na comparação com abril, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo IBGE. Com o resultado, o setor atingiu o mesmo nível de outubro de 2024, o mais alto da série histórica iniciada em 2011. Frente a maio de 2024, o avanço foi de 3,6%, marcando a 14ª taxa positiva consecutiva. No acumulado de 2025, os serviços sobem 2,5% e em 12 meses, 3,0%, com aceleração frente ao ritmo de abril (2,7%).

O crescimento no mês foi puxado principalmente pelos serviços profissionais, administrativos e complementares (0,9%), além de "outros serviços" (1,5%) e informação e comunicação (0,4%). Já os segmentos de transportes (-0,3%) e serviços prestados às famílias (-0,6%) registraram queda.

Já a produção industrial brasileira caiu 0,5% em maio de 2025 frente ao mês anterior, com nove das 15 localidades pesquisadas registrando queda, segundo o IBGE. Os recuos mais intensos vieram de Mato Grosso (-7,0%), Bahia (-3,7%) e Amazonas (-3,3%). Por outro lado, o destaque positivo foi do Espírito Santo, que avançou 16,2%, eliminando perdas anteriores. Na média móvel trimestral, houve leve alta de 0,2%, mantendo a trajetória ascendente iniciada em fevereiro. Na comparação anual, o setor industrial cresceu 3,3%, com 11 dos 18 locais pesquisados em alta.

No radar hoje

Na Europa, dados divulgados nesta manhã mostraram que a economia do Reino Unido voltou a encolher em maio, com queda de 0,1% no PIB, frustrando a expectativa de alta de 0,1%. A retração foi puxada por uma queda de 0,9% na produção industrial e de 0,6% na construção. Foi o segundo mês seguido de contração, após os efeitos combinados do aumento de impostos domésticos e das tarifas americanas.

Produção de petróleo

A oferta global de petróleo deve crescer em ritmo muito superior ao da demanda em 2025, segundo relatório divulgado nesta sexta-feira, 11, pela Agência Internacional de Energia (AIE). A entidade estima uma alta de 2,1 milhões de barris por dia na produção neste ano, contra apenas 704 mil barris por dia no consumo. A maior parte da oferta extra veio da Opep+, liderada pela Arábia Saudita, em meio a tensões no Estreito de Ormuz, mas fatores sazonais e a demanda por viagens no verão continuam apertando o mercado no curto prazo.

Apesar do risco de excesso de oferta nos próximos meses, a AIE avaliou que os aumentos recentes não tiveram impacto significativo imediato. Os estoques globais subiram no segundo trimestre, mas parte desse volume está concentrada na China e nos Estados Unidos, fora do alcance do mercado. Para 2026, a agência projeta crescimento modesto tanto na oferta quanto na demanda, mantendo previsões bem abaixo das estimativas da Opep.

Mercados internacionais

Na Ásia, os índices encerraram o pregão de forma mista, refletindo a cautela dos investidores diante da nova rodada de tarifas. O Nikkei 225, do Japão, recuou 0,19%, enquanto o Topix avançou 0,39%. Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 0,23% e o Kosdaq subiu 0,35%. O australiano S&P/ASX 200 perdeu 0,11%, enquanto o CSI 300, da China, avançou 0,12%.

Apesar do tom protecionista da Casa Branca, mineradoras listadas na Austrália operaram em alta, impulsionadas pela disparada dos preços do cobre no mercado internacional. A Rio Tinto subiu 2,28%, a Fortescue avançou 2,85% e a BHP teve alta de 2,77%.

Na Europa, de olho nas tarifas de Trump, os mercados encerraram em forte baixa. O índice Stoxx 600 fechou em queda de 1,12%; o britânico FTSE 100 caiu 0,50%; o francês CAC 40 registrou queda de 1,01% e o alemão DAX perdeu 0,90%.

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