- IBOV: +0,58%, aos 134.154 pontos
- Dólar: -0,44%, cotado a R$ 5,562
No radar hoje
A semana começa com os mercados atentos ao embate entre Brasília e Washington. A crise ganhou novo fôlego na sexta-feira à noite, após os EUA anunciarem a revogação dos vistos de ministros do STF. A reação de Lula foi imediata: o presidente classificou o gesto como “inaceitável”.
Nesta segunda-feira, Lula está no Chile, onde participa de um encontro com presidentes de esquerda promovido pelo presidente chileno Gabriel Boric. No evento, Lula deve buscar apoio internacional contra o uso político das tarifas comerciais e provavelmente irá propor taxações sobre big techs americanas.
Nos bastidores, o governo já mapeia possíveis medidas de retaliação, como a quebra de patentes e a intensificação da fiscalização sobre remessas ao exterior. A Advocacia-Geral da União (AGU), por sua vez, solicitou ao STF uma investigação sobre possível insider trading no câmbio, após movimentações bilionárias nas vésperas do anúncio do tarifaço.
Em entrevista ao Jornal da CBN nesta segunda-feira, 21, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a tarifa de 50% imposta pelos EUA contra produtos brasileiros decorre da relação pessoal entre Donald Trump e Jair Bolsonaro, e não de questões comerciais objetivas.
Haddad disse que o governo Lula já esperava algum tipo de retaliação, mas classificou o tarifaço como imprevisível. O ministro ressaltou que o Brasil já se reuniu diversas vezes com autoridades americanas neste ano, sempre com abertura ao diálogo, e reiterou que o país não vai abandonar a mesa de negociação.
O Ministério da Indústria e Comércio publicou a balança comercial semanal, que registrou superávit de US$ 1,53 bilhão na terceira semana de julho. Exportações somaram US$ 7,48 bilhões, enquanto importações atingiram US$ 5,95 bilhões no período. O superávit em julho alcança US$ 3,608 bilhões. No ano, superávit é de US$ 33,7 bilhões.
Boletim Focus
O Boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 21, mostrou nova queda nas expectativas de inflação para 2025, com o IPCA recuando de 5,17% para 5,10%, na oitava revisão consecutiva para baixo. A projeção para 2026 também foi ajustada, de 4,50% para 4,45%, enquanto as estimativas para 2027 e 2028 seguiram estáveis em 4,00% e 3,80%, respectivamente. Apesar do alívio nas projeções, a inflação de 2025 ainda permanece acima do teto da meta do Banco Central.
Para o PIB, a projeção para 2025 foi mantida em 2,23%, mas a expectativa para 2026 caiu levemente de 1,89% para 1,88%. A taxa Selic esperada para este ano segue em 15%, com previsão de encerrar 2026 em 12,50%. No câmbio, as estimativas para o dólar seguem estáveis, com o mercado prevendo a moeda em R$ 5,65 em 2025 e R$ 5,70 nos anos seguintes.
Já a segunda prévia de julho do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), amplamente utilizado para reajustes em contratos de aluguel, registrou queda de 0,89%, segundo a Fundação Getulio Vargas (FGV). O recuo foi um pouco menos intenso do que o registrado na mesma leitura de junho, quando o índice caiu 0,97%.
O resultado reflete uma retração mais moderada no Índice de Preços ao Produtor Amplo (de -1,58% para -1,39%), além da desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor (de 0,23% para 0,14%) e do Índice Nacional de Custo da Construção (de 1,08% para 0,64%).
Mercados internacionais
Os índices de Nova York operam no positivo, por volta das 15h30, impulsionados pela expectativa com os resultados das big techs ao longo da semana. O Dow Jones sobe 0,47%, enquanto o S&P 500 avança 0,57%. Já o Nasdaq 100, índice fortemente ligado às empresas de tecnologia, registra alta mais forte, de 0,75%.
As bolsas da Ásia fecharam majoritariamente em alta nesta segunda-feira, 21. Em Hong Kong, o índice Hang Seng subiu 0,68%, enquanto o CSI 300, que reúne as maiores empresas listadas em Xangai e Shenzhen, avançou 0,67%. Na Coreia do Sul, o Kospi teve alta de 0,71%, e o Kosdaq, focado em empresas de menor capitalização, ganhou 0,12%. A exceção foi a Austrália, onde o S&P/ASX 200 caiu 1,02%. No Japão, os mercados estão fechados hoje por conta de feriado local.
Na China, o Banco Central manteve inalteradas as taxas de juros para empréstimos de um ano (3%) e cinco anos (3,50%), em linha com as projeções do mercado. A decisão reforça o tom moderado da política monetária chinesa e veio acompanhada de alta nas bolsas locais, com destaque para ações de tecnologia impulsionadas pela expectativa de retomada das vendas de chips da Nvidia no país.
Já na Europa, cresce a tensão com os Estados Unidos. Segundo o Wall Street Journal, a União Europeia se prepara para adotar medidas retaliatórias contra empresas americanas caso as negociações comerciais não avancem antes do prazo final de 1º de agosto, imposto por Trump para a entrada em vigor de novas tarifas.
Os principais índices europeus fecharam mistos. O CAC 40, de Paris, liderou as perdas com baixa de 0,37%, seguido pelo índice europeu Stoxx 600, que recuava 0,15%. O DAX, de Frankfurt, fechou estável com alta de 0,01%, enquanto o FTSE 100, de Londres, teve leve alta de 0,13%.