Depois de uma série de entregas consistentes de lucros, a JBS (JBSS32) pode desapontar os investidores quando divulgar seus resultados do segundo trimestre de 2025, em 13 de agosto.
Os analistas do Goldman Sachs cortaram a previsão de Ebitda trimestral em 8%, para R$ 8,2 bilhões, ficando 11% abaixo do consenso da Bloomberg, devido a uma temporada fraca de carne bovina e ao aumento dos custos do porco nos Estados Unidos.
Na mesma linha, o Itaú BBA estima que o Ebitda ajustado da JBS deve cair 10,1% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 8,9 bilhões, com uma margem de 7,3%. O lucro líquido deverá ser de R$ 3,4 bilhões, um aumento de 17,9% em relação ao trimestre anterior.
O mercado reagiu com nervosismo às baixas expectativas do bancos. Os papéis da companhia em Nova York estavam caindo 3,10% às 11h45 (horário de Brasília).
Dificuldades com carne bovina e suína
Tanto Goldman quando o BBA mencionam, em suas análises, a fraca performance da carne bovina nos Estados Unidos. Isso deverá pressionar, temporariamente, a dinâmica do capital de giro e a geração de fluxo de caixa livre, que se espera que fique perto de zero no trimestre. O segmento de carne bovina nos Estados Unidos deve apresentar um Ebitda negativo de US$ 181 milhões, com uma margem de -2,5%, devido aos altos custos do gado e a recuperação lenta nos preços da carne, estima o BBA. A casa também vê a carne suína nos EUA enfrentando dificuldades, com uma margem de Ebitda de 7,9%, abaixo do habitual, devido ao desalinhamento entre preços do suíno e custos dos insumos.
Apesar das baixas expectativas, a carne bovina dos EUA tem apresentado spread significativamente melhores desde meados de junho, superando os níveis de 2024 em julho.
Carne de frango é o destaque do trimestre
A carne de frango deverá ser um destaque positivo para a companhia. Os analistas do Itaú BBA esperam um Ebitda de US$ 668 milhões e margem de 14,5%. A sazonalidade mais forte, o aumento nos preços da carne bovina e as restrições à carne de frango brasileira devido ao caso de gripe aviária devem sustentar as margens elevadas. No entanto, há preocupações com a possível desaceleração nos preços do frango nos Estados Unidos a partir do terceiro trimestre.
Diversificação compensando o desempenho ruim
O Goldman Sachs reforça que os desafios são setoriais e acredita que a JBS continua sendo uma das melhores operadoras nos principais negócios em que está exposta. A diversificação geográfica é um dos diferenciais da empresa, o que deve compensar parcialmente o fraco desempenho nos Estados Unidos, com destaque para ciclos positivos na Austrália e fortes volumes no Brasil Beef.
Além disso, a Seara deverá registrar um Ebitda de R$ 2,2 bilhões e margem de 16,5%, superando as expectativas após um período de restrições às exportações. A empresa ajustou seu portfólio e estoques para responder aos preços desfavoráveis de exportação.
Expectativas de preço-alvo e recomendação
A JBS atualmente negocia com 21% de desconto em relação à Tyson, com base no EV/Ebitda (12 meses à frente), calcula o Goldman Sachs. O banco mantém a recomendação de compra para as ações, com preço-alvo de US$ 19,20 para os papéis Classe A (uma queda de 2% em relação ao anterior de US$ 19,50) e R$ 105,00 para os BDRs (uma redução de 6% em relação ao anterior de R$ 111,4). O Itaú BBA estima um preço-alvo de US$ 18 para as ações.
A avaliação da XP está em linha com a das outras casas de análise, com expectativa de um trimestre "pouco empolgante". A estimativa é de Ebitda ajustado de R$ 8,7 bilhões (-12% ano a ano e 11% abaixo do consenso Bloomberg), com impacto negativo do segmento US Beef. A XP também acredita que a unidade Seara também deve trazer algum reflexo do recente caso de gripe aviária no Brasil em seus números, já que houve suspensão temporária de exportações e uma queda no preço no mercado doméstico. .
Mesmo assim, ressalvam os analistas, os preços do frango permanecem historicamente altos com custos de produção em níveis saudáveis. A perspectiva é positiva para unidade da Austrália, beneficiada pela escassez de proteínas nos EUA. Na JBS Brasil, a melhor oferta de gado, fez a XP revisar positivamente suas projeções.
A corretora também destaca a possibilidade de margens menores no curto prazo, devido ao aumento dos preços do suíno magro, mas com uma perspectiva positiva para os custos da ração.
Riscos para o investimento
Os analistas do Goldman Sachs destacam alguns riscos que podem impactar a companhia:
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Mudanças nos índices de referência após a conclusão da dual-listing;
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Guerra comercial generalizada e suas implicações para os fluxos de commodities dos EUA;
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Excesso de oferta de frango e/ou porco nos EUA ou Brasil;
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Desaceleração cíclica na carne bovina dos EUA;
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Embargos de exportação, proibições e/ou disrupções sanitárias;
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Litígios potenciais;
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Volatilidade cambial;
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Concorrência no Brasil no setor de alimentos processados;