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JPMorgan corta preço-alvo de Mercado Livre após ofensiva da Amazon

Concorrente zerou taxas de seu programa de 'fulfillment' no Brasil; Morgan Stanley está mais otimista e acredita que movimento não ameaça o Mercado Livre

Ação da companhia caiu 9% na semana (Montagem EXAME com elemento do Canva e Mercado Livre/Reprodução)

Ação da companhia caiu 9% na semana (Montagem EXAME com elemento do Canva e Mercado Livre/Reprodução)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 3 de outubro de 2025 às 12h24.

Última atualização em 3 de outubro de 2025 às 13h55.

O JPMorgan reduziu o preço-alvo para ações do Mercado Livre por entender que a empresa terá de arcar com custos elevados para manter seu crescimento no Brasil. A nova avaliação vem na esteira de uma estratégia anunciada nesta semana pela sua maior concorrente, a Amazon, que vai zerar taxas de armazenamento e envio do seu programa de fulfillment, o Fulfillment by Amazon (FBA), por três meses.

Para os analistas do banco, o consenso de mercado que prevê aumento de até 130 pontos-base nas margens da companhia nos próximos anos, não contava com essa dinâmica de competição ainda mais acirrada. O relatório cita a expansão agressiva de Shopee e os movimentos do próprio Meli, como o frete grátis para entregas rápidas de produtos com menor valor.

O preço da ação para o final de 2026 foi reduzido, pelo JPMorgan, de US$ 2,7 mil para US$ 2,6 mil. Hoje, os papéis negociados na Nasdaq são negociados abaixo de US$ 2,2 mil. Na semana, até o fechamento de ontem, acumulam perdas de 9%.

O banco prevê lucro antes de juros e impostos da ordem de US$ 750 milhões para o Meli no terceiro trimestre de 2025. A cifra é menor que o consenso do mercado, de US$ 811 milhões. O JPMorgan vê pressões negativas vindo de logística e da fraqueza do preço argentino.

O Morgan Stanley, por sua vez, acredita que a queda das ações registradas nesta semana foram exageradas e reiterou sua classificação overweight, equivalente à recomendação de compra, para a empresa. O banco acredita que o movimento da Amazon não é suficiente para alterar o equilíbrio competitivo do segmento, "dada a liderança de escala do Meli e os contínuos subsídios de entrega da empresa".

Nos cálculos do banco, o Meli tem uma fatia de mercado da ordem de 40%, enquanto Amazon teria 10%.

Atualmente, a argentina não cobra taxas de fulfillment, zerou cobranças logísticas para entrega de bens que custam entre R$ 19 e R$ 79 e tem penetração de fulfillment de mais de 60% no país, calcula o Morgan Stanley.

"Vemos escala logística, fidelização de vendedores, os vínculos com serviços financeiros e outros efeitos de rede de plataformas impulsionando a conversão do GMV [valor de mercadoria vendida]. Considerando esses fatores, não acreditamos que campanhas promocionais sejam capazes de alterar o cenário competitivo, nem provocar uma reação direta do Meli, que já está ativa em um ciclo de investimentos em logística e redução de taxas", diz o relatório do banco.

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