Lisa Cook e Donald Trump: economista processa presidente após acusações de fraude hipotecária, que ela nega (Saul Loeb e Andrew Caballero-Reynolds/AFP)
Redatora
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 06h43.
A disputa entre a Casa Branca e o Federal Reserve (Fed) ganhou novo capítulo nesta segunda-feira, 15, quando um tribunal de apelações em Washington bloqueou a iniciativa do presidente Donald Trump de remover a diretora Lisa Cook de seu cargo. A decisão ocorreu horas antes da aguardada reunião do Fed nesta terça e quarta-feira, em que será decidida a nova taxa de juros.
O tribunal, dividido por 2 a 1, confirmou que Cook pode continuar exercendo suas funções enquanto o processo judicial segue em andamento. A decisão mantém em vigor a liminar expedida pela juíza Jia Cobb, em 9 de setembro, que já havia considerado que a tentativa de demissão provavelmente violava a lei. Trump ainda pode recorrer à Suprema Corte.
Enquanto Cook tenta assegurar sua permanência, o economista Stephen Miran foi confirmado pelo Senado como novo integrante do conselho do Fed, em vaga deixada por Adriana Kugler. A aprovação foi acelerada pelos republicanos em meio à pressão de Trump para que o banco central reduza os juros.
Segundo pesquisa da Bloomberg, investidores e economistas projetam um corte de 0,25 ponto percentual na reunião desta quarta-feira.
Cook entrou com ação contra Trump no mês passado, após o presidente anunciar sua demissão com base em acusações de fraude hipotecária. Ela nega as alegações. A defesa argumentou que qualquer decisão que a impedisse de participar da reunião poderia gerar instabilidade nos mercados.
O tribunal de apelações entendeu que o governo falhou em oferecer a Cook o devido processo legal antes de tentar afastá-la, sem notificá-la formalmente das acusações ou oferecer oportunidade de defesa. Os juízes J. Michelle Childs e Bradley Garcia, nomeados por Joe Biden, votaram contra a Casa Branca; Greg Katsas, indicado por Trump, ficou vencido.
As acusações contra Cook foram levantadas por Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional (FHFA), que a acusou de listar de forma irregular imóveis em Michigan e Geórgia como residência principal em 2021 para obter condições mais favoráveis de crédito. Posteriormente, ele acrescentou um terceiro imóvel em Massachusetts. Documentos divulgados pela imprensa americana sobre a casa na Geórgia indicam, no entanto, que Cook informou ao banco se tratar de uma propriedade de férias.
A senadora democrata Elizabeth Warren elogiou a decisão, chamando-a de rejeição a uma “tentativa ilegal” de Trump de influenciar o banco central.