Cacau: aumento contínuo dos preços refletiu diretamente nas ações das principais fabricantes de chocolate no mundo (Anna Quaglia / EyeEm/Getty Images)
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Publicado em 5 de junho de 2025 às 06h25.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 07h26.
As ações das duas maiores fabricantes de chocolates na Suíça estão passando por momentos opostos em 2025.
A Lindt & Spruengli registrou uma alta de 29% nas ações no ano passado, conseguindo elevar os preços e ainda manter os consumidores fiéis à marca. Especialistas atribuem grande parte do sucesso ao lançamento do chocolate no estilo de Dubai. Joern Iffert, analista do UBS, classificou o produto como um "blockbuster" e o considerou um dos melhores da história da empresa.
Já a Barry Callebaut, maior fabricante de chocolate a granel e responsável por marcas como Nestlé e Hershey's, sofreu uma queda nas ações também de 29% . O cenário reflete a dificuldade estratégica da empresa em aumentar os preços dos produtos, optando por diminuir a quantidade de chocolate nos itens fabricados.
Ambas as fabricantes viram o preço do cacau aumentar após a cotação da commodity quadruplicar entre 2023 e 2024. Enquanto a Lindt implementou aumentos de dois dígitos, clientes da Barry Callebaut suspenderam os pedidos à espera de preços mais baixos, segundo informações do site Bloomberg.
“A Barry Callebaut enfrentou uma tempestade perfeita: demanda fraca e pouco poder de precificação”, afirmou Ignacio Canals Polo, da Bloomberg Intelligence. Já a Lindt, segundo ele, se destacou no mercado, principalmente devido ao segmento premium da marca, o que permitiu o aumento dos valores e mantendo a qualidade do chocolate.
A Lindt afirmou que os reajustes devem continuar ao longo de 2025, levando em conta a persistência dos altos preços do cacau. Entretanto, a expectativa é que a tendência do consumo de chocolates premium e com foco em qualidade continue crescendo.
Após a Barry Callebaut reduzir o teor de chocolate nos produtos e revisar para baixo as projeções de vendas em abril, a empresa viu suas ações despencarem.
Além da estratégia de mercado falha, a fabricante também sofre com o aumento de posições vendidas. Com a oferta de cacau alta e os produtores da África Ocidental segurando a safra à espera de melhores preços, 23% das ações em circulação na empresa estavam alugadas até 3 de junho, segundo dados do S&P Global.
“A cada alta do cacau, há um impacto negativo no fluxo de caixa livre”, disse Damian Burkhardt, gestor da EFG Asset Management, à Bloomberg. “É por isso que o interesse em posições vendidas é tão alto.”