O fortalecimento do dólar frente ao real, impulsionado por temores em relação à política tarifária de Donald Trump, reforçou a atratividade das empresas exportadoras. (Getty Images)
Repórter de mercados
Publicado em 7 de julho de 2025 às 17h29.
Última atualização em 7 de julho de 2025 às 18h32.
As ações de Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) foram as maiores altas do Ibovespa nesta segunda-feira, 7, em uma sessão marcada por otimismo com o setor de proteína animal. Os papéis da BRF subiram 8,36%, a R$ 21,51, enquanto Marfrig avançou 4,59%, negociada a R$ 23,25. Minerva (BEEF3) também acompanhou o movimento, com alta de 1,16%, cotada a R$ 5,23.
A valorização foi puxada por quatro fatores principais, que combinam movimentos de cenário externo, decisões regulatórias e fundamentos do agronegócio, afirmam os analistas.
O fortalecimento do dólar frente ao real, impulsionado por temores em relação à política tarifária de Donald Trump, reforçou a atratividade das empresas exportadoras. Em momentos de incerteza internacional, investidores buscam ativos mais seguros, como a moeda americana, beneficiando companhias com receita em dólar, como Marfrig e BRF.
A notícia de que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) concedeu dez dias para Marfrig e BRF apresentarem defesa no processo de fusão, após recurso da Minerva, foi interpretada como um sinal positivo pelo mercado. “Os investidores entenderam que a Marfrig tem mais chance de viabilizar o acordo de fusão com essa sinalização do Cade”, explicou Igor Guedes, analista da Genial Investimento.
Segundo ele, a ação da BRF, que estava abaixo do preço de dissidência (R$ 19,89) nos dias 2, 3 e 4 de julho, voltou a superar esse nível, fechando o dia a R$ 20,71.
Outro impulso veio do mercado externo, com a reabertura de sete países às exportações de carne de frango do Brasil. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, Argentina, Cuba, Emirados Árabes Unidos, Filipinas, Índia, Mauritânia e Uruguai retiraram as restrições após o Brasil se autodeclarar livre da gripe aviária.
João Figueiredo, analista da Datagro, afirma que o movimento abre espaço para aumento nas exportações e fortalece as perspectivas para as grandes processadoras de proteína animal.
Por fim, o recuo de 4,43% no preço do milho em sete dias aliviou os custos operacionais do setor. “Mesmo com a colheita da safrinha acontecendo mais lentamente do que em 2024, já havia excesso de oferta. Os produtores estão começando a vender com deságio, o que pressiona os preços no mercado spot”, afirmou Igor Guedes.
Com milho mais barato, empresas como Marfrig e BRF conseguem melhorar suas margens, o que reforça o interesse do investidor no setor.