Carteira top 10: quatro trocas foram realizadas em agosto (Victor Moriyama/Bloomberg/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 1 de agosto de 2025 às 16h51.
Um novo mês – e um maior senso de cautela. Com o Brasil no radar de Donald Trump bagunçando o cenário político no país, o BTG (do mesmo grupo de controle da Exame) fez trocas relevantes na sua carteira de ações para agosto. A ideia é reduzir um pouco o risco (ou o chamado "beta"), apostando em empresas com perfil mais defensivo.
“No geral, com as eleições ainda distantes, um cenário político turvo devido à atual confusão entre EUA e Brasil e uma economia prestes a desacelerar, o brilho do Brasil e qualquer senso de urgência para os investidores aumentarem suas posições nos ativos do país podem ter sido temporariamente removidos”, escreveu a equipe liderada por Carlos Sequeira.
Nesse cenário, saíram da carteira Copel (CPLE6), Rumo (RAIL3), Cyrela (CYRE3) e Cosan (CSAN3), e entraram Sabesp (SBSP3), Motiva (MOTV3), Multiplan (MULT3) e Vibra (VBBR3), respectivamente.
São nomes que oferecem retornos atraentes mesmo diante de taxas reais de longo prazo elevadas. Isso porque com a Selic em 15%, é esperado que a economia desacelere na segunda metade do ano e em 2026, reduzindo as perspectivas de revisões positivas nos lucros no curto prazo.
O BTG manteve a alocação de 20% no setor de elétrico e de saneamento dentro da carteira top 10, mas realizou uma troca: saiu Copel, que opera na distribuição, geração e transmissão de energia, e incluiu Sabesp, que atua com água e esgoto. Também manteve Equatorial (EQTL3), principal acionista da companhia no pós-privatização, e que na visão do banco apresenta uma Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 10,6%. “Gostamos das perspectivas de curto e longo prazo da Sabesp, com uma reviravolta em andamento após sua privatização, resultados trimestrais decentes e uma TIR real de 10%”, escreveram os analistas.
A alocação em infraestrutura e setor imobiliário, com contratos normalmente ligados à inflação, também segue em 20%. Mas houve mudanças entre as ações: foi retirada a Rumo, do setor ferroviário, e a Cyrela, do setor de incorporação, para dar lugar à Motiva (antiga CCR), que atua em concessões, e à Multiplan, que opera shopping centers. O BTG acredita que a Motiva oferece uma TIR real atrativa de 12%, enquanto a Multiplan negocia a 10%.
“Há alguns meses adicionamos a Cosan a carteira, na esperança de que a empresa rapidamente solucionasse sua situação de balanço excessivamente alavancado, criando espaço para um salto no valor patrimonial da empresa. Embora continuemos acreditando que a gestão está profundamente comprometida em corrigir o balanço o mais rápido possível, a recente deterioração do mercado nos levou a removê-la do portfólio”, disseram os analistas.
Em seu lugar, optaram por adicionar a Vibra, distribuidora de combustíveis dona dos postos BR. Apesar de manterem uma postura mais cautelosa com o setor de distribuição, mudanças recentes no cenário geopolítico — especialmente ligadas a interrupções no comércio e riscos de abastecimento — fizeram o BTG adotar uma visão mais positiva, especialmente com uma oferta de diesel mais restrita no segundo semestre.
Outros 20% da carteira foram para o setor financeiro, dividida entre o Nubank (NYSE:NU), com "beta" mais alto e crescimento mais forte, e o Itaú (ITUB4), mais defensivo. O banco também manteve na carteira a operadora hospitalar e de planos de saúde Rede D’Or (RDOR3), a rede de academias Smartfit (SMFT3) e a petroleira Prio (PRIO3).