Invest

Mercado Livre: Safra defende frete grátis e chama empresa de 'joia da coroa' do e-commerce

Para o banco, entrega gratuita e investimentos em marketing trazem volatilidade ao resultado, mas são importantes para a companhia explorar potencial de crescimento

Mercado Livre segue com enorme potencial de crescimento na América Latina (Mercado Livre/Divulgação)

Mercado Livre segue com enorme potencial de crescimento na América Latina (Mercado Livre/Divulgação)

Publicado em 21 de agosto de 2025 às 09h34.

O Mercado Livre (MELI34) continua sendo uma das ações preferidas do Safra, não só no seu segmento de atuação, mas em relação a papéis de outros setores. Em seu mais recente relatório sobre a empresa, o Safra classifica Meli como “a joia da coroa do e-commerce latino-americano”.

Na avaliação dos analistas, o Mercado Livre combina crescimento, alto nível de investimentos em tecnologia e em cadeia de suprimentos, boa rentabilidade e sólida posição de alavancagem, com dívida líquida/Ebitda de 1x.

Por outro lado, o banco faz ressalvas a respeito da volatilidade apresentada em alguns trimestres. Essas oscilações estão ligadas à abertura e maturação de novos centros de distribuição, oferta de crédito pelo seu braço financeiro (o Mercado Pago), o que impacta provisões, além de despesas com campanhas comerciais e para custear o frete grátis - algo que o Safra vê como fundamental para sustentar o ritmo de crescimento da empresa.

Frete grátis afetou as margens da empresa

Vale lembrar, contudo, que o frete grátis pressionou as margens da empresa no segundo trimestre deste ano. O recuo foi de mais de dois pontos percentuais na comparação anual. Os investidores reagiram negativamente ao dado.

O Mercado livre, no entanto, correu para explicar que, de fato, a prática do frete grátis tem custo no curto prazo, mas com efeito positivo no médio e no longo, pois estimula maior frequência e quantidade de compra na plataforma.

O Safra destaca ainda que o e-commerce ainda é um segmento pouco penetrado na América Latina, concentrando apenas 14% das vendas totais do comércio. De acordo com a Euromonitor, o e-commerce na região deve crescer 54% entre 2023 e 2028, com a penetração atingindo 17% no último ano.

Muito espaço para crescer

O índice é ainda muito baixo comparado aos de outros mercados, como Estados Unidos e China, o que reforça a percepção de um forte potencial de crescimento para o Mercado Livre na América Latina. O Safra prevê aumento da participação da empresa nesse mercado, de 30%, em 2023, para 37%, em 2028.

De acordo com o banco, o crescimento está vinculado à abertura de novos centros de distribuição, maior participação de entregas de mercadorias no mesmo dia ou no dia seguinte, a melhor penetração de distribuição e o desenvolvimento do negócio de publicidade.

Fintech tem espaço em meio à baixa penetração de crédito

No setor de fintech (com oferta de crédito), o Mercado Livre tem também grande espaço para crescimento, principalmente no México — maior mercado depois do Brasil —, considerando a baixa penetração de contas bancárias ou crédito (apenas 63% no México versus 75% no Brasil em 2024).

Para o Safra, analisando a penetração do crédito, o Mercado Livre ainda tem muito a explorar dentro da sua própria base de clientes, o que vem ocorrendo desde o primeiro trimestre de 2023.

Especificamente sobre o Brasil, o Safra aponta que o Mercado Livre poderá enfrentar efeitos de uma" ligeira deterioração macroeconômica," com implicações na renda de pessoas físicas e no próprio balanço patrimonial da empresa, no item despesas financeiras. Porém, a situação, segundo o banco, é substancialmente melhor do que na vizinha Argentina.

Acompanhe tudo sobre:Mercado Livree-commerceBalançosAmérica Latina

Mais de Invest

BB Seguridade oficializa troca de CEO: vice-presidente do conselho renuncia

Boeing e China estão perto de finalizar acordo de venda de até 500 aeronaves, diz site

Jackson Hole, balanço do Walmart e arrecadação de julho: o que move os mercados

Do MIT ao ChatGPT: por que temor sobre bolha de IA derrubou as ações de tecnologia em Wall Street