Invest

Minerva minimiza impacto de tarifas dos EUA: 'no máximo 5% da receita'

Companhia explica que somente 30% da carne exportada para os Estados Unidos vem do Brasil

A exposição consolidada da Minerva ao mercado norte-americano nos últimos 12 meses foi de cerca de 16% da receita (Getty Images)

A exposição consolidada da Minerva ao mercado norte-americano nos últimos 12 meses foi de cerca de 16% da receita (Getty Images)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 10 de julho de 2025 às 15h14.

A Minerva (BEEF3) divulgou um comunicado nesta quinta-feira, 10, em que detalha os impactos da nova política tarifária dos Estados Unidos sobre suas operações. As ações da empresa caíam mais de 9% pela manhã, coincidindo com análises negativas de bancos sobre as consequências das tarifas para a exportadora de carne bovina, e segue entre as principais baixas do Ibovespa. Não está sozinha: Marfrig também opera no vermelho e BRF conseguiu inverter sinal, mas também estava em baixa na primeira metade do pregão.

De acordo com a Minerva, a exposição consolidada da empresa ao mercado norte-americano nos últimos 12 meses foi de cerca de 16% da receita, com o Brasil representando aproximadamente 30% dessa exposição.

“Desse modo, as exportações brasileiras e sujeitas a nova política tributária, apresentam impacto potencial máximo ao redor de 5% da receita líquida”, escreveu o diretor de Finanças e Relações com Investidores, Edison Ticle de Andrade Melo e Souza Filho.

Em nota, o diretor explicou que a empresa acessa o mercado norte-americano por meio de suas operações no Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Austrália, o que proporciona flexibilidade para “maximizar sua capacidade de arbitrar os mercados, reduzir riscos, alavancar oportunidades e responder com eficiência a mudanças de cenário como essa”.

Analistas estimam impactos negativos das tarifas

A Minerva poderá redirecionar volumes para outros mercados, mas com um custo mais alto nas margens, de acordo com os analistas da XP. A diferença de preços entre os mercados importadores é relativamente moderada. Em junho, o preço médio de exportação do Brasil para os EUA foi de US$ 5.600 por tonelada, comparado a US$ 5.494 por tonelada para a China e US$ 5.357 por tonelada para outros mercados. Vale destacar que os Estados Unidos importam cortes de menor valor, como beef trimmings, cujos preços são geralmente mais baixos, mas podem subir devido às tarifas.

A carne bovina brasileira acessa o mercado americano por meio de quotas tarifárias, com uma tarifa fixa de 4,4 centavos por quilo dentro da quota de 65.005 toneladas. Os volumes acima desse limite estão sujeitos a uma tarifa de 26,4%. O Brasil já preencheu completamente a quota de 2025 nas primeiras semanas do ano.

A depreciação do real, que ultrapassou a marca de R$ 5,60, pode ajudar a mitigar os impactos das tarifas para algumas empresas, como a Minerva. Analistas do Goldman Sachs destacam que a estrutura de custos e a origem das vendas da empresa são mais sensíveis às variações cambiais, e a desvalorização da moeda pode, de certa forma, compensar a perda de volume de vendas. No entanto, a alta da Selic, com a expectativa de manutenção das taxas elevadas no Brasil, representa um risco adicional para empresas como a Minerva e a Marfrig (MRFG3), que têm maior alavancagem e dependem de uma gestão eficaz das dívidas para garantir fluxo de caixa.

Acompanhe tudo sobre:FrigoríficosTarifasDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Minerva FoodsAções

Mais de Invest

T-Mobile se desfaz de programa de diversidade para ter compra da US Cellular por US$ 4,4 bi aprovada

Acionistas da Walgreens aprovam venda para Sycamore Partners; negócio gira em torno de US$ 10 bi

Marfrig e BRF despencam na bolsa, com assembleia sobre fusão adiada pela 2ª vez

Rio Tinto planeja ampliar investimentos em cobre nos EUA diante de tarifas anunciadas por Trump