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Morgan Stanley rebaixa Rede D'Or e elege Hapvida como favorita na saúde

Banco calcula que rede de hospitais vai levar mais tempo que o previsto para operar seus leitos em plena capacidade

Banco vê Hapvida bem posicionada para capturar demandas futuras, sobretudo em mercados menos profissionalizados (Marcos Santos/USP Imagens)

Banco vê Hapvida bem posicionada para capturar demandas futuras, sobretudo em mercados menos profissionalizados (Marcos Santos/USP Imagens)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Repórter de negócios e finanças

Publicado em 30 de julho de 2025 às 12h56.

Última atualização em 30 de julho de 2025 às 13h14.

Depois de rebaixar a recomendação de siderúrgicas na semana passada, a "tesoura" do Morgan Stanley chega ao setor de saúde e mira em Rede D'Or. O banco deu downgrade em RDOR3, de overweight (equivalente à recomendação de compra) para equal-weight (neutra) e tirou a rede de hospitais do seu top pick. Esse posto, agora, está com Hapvida (HAPV3).

Para os analistas do Morgan Stanley, a Rede D'Or vai levar mais tempo que o previsto para que os hospitais da companhia operem em plena capacidade. Segundo análise do banco, 42 dos 76 hospitais da Rede D’Or apresentam uma taxa de ocupação de leitos abaixo da média de suas regiões. Isso pode indicar excesso de capacidade e até falta de credenciamento junto aos planos de saúde — lembrando que a companhia é dona da SulAmérica.

Assim sendo, a plena utilização da capacidade hospitalar da Rede D’Or só seria atingida em 2035, calcula o Morgan Stanley, quando deve alcançar taxa de ocupação de 96%.

Recentemente, o plano de expansão da companhia foi revisado para baixo. A expectativa agora é adicionar 3,2 mil leitos, sendo 80% deles por meio de reformas e ampliações (brownfield). Na visão do banco, isso indica uma baixa atratividade de novas regiões para expansão. Os projetos de novos hospitais ficariam dentro do escopo da joint venture com o Bradesco, uma bola dividida que limita os ganhos de Rede D'Or.

Além disso, o banco considera que as ações da RDOR já estão negociando a múltiplos justos (17 vezes o lucro estimado para 2025) e que o potencial de valorização é limitado, após alta de 28% no ano. A projeção do banco para a receita hospitalar da empresa (excluindo oncologia) está cerca de 4% abaixo do consenso de mercado para 2028, devido a expectativas mais conservadoras quanto à velocidade de ramp-up dos novos leitos.

“Embora a Rede D’Or tenha entregado execução sólida e boas margens, nosso cenário-base já precifica um crescimento modesto e uma expansão mais lenta. Por isso, não vemos espaço para uma recomendação acima da média neste momento”, diz o relatório.

Por que Hapvida virou bola da vez

Em contrapartida, a Hapvida é a principal aposta do Morgan Stanley no setor de saúde. A empresa é líder no segmento de planos de saúde voltados para o público de baixa renda, com cerca de 19% dos prêmios e 21% dos beneficiários do mercado, de acordo com a análise do banco.

A Hapvida já tem forte penetração em suas regiões principais — com participação superior a 40% em algumas praças — mas ainda enxerga espaço para crescer tanto nas áreas onde já atua quanto em regiões subpenetradas.

Em mercados onde detém hospitais, mas tem menos de 30% de participação, a empresa poderia adicionar até 1,2 milhão de beneficiários sem necessidade de grandes investimentos. Já em novas localidades com grande número de beneficiários, como Cuiabá, Vitória e Florianópolis, o banco estima um potencial adicional de até 680 mil vidas.

O Morgan Stanley vê a Hapvida bem posicionada para capturar essa demanda futura, especialmente em mercados menos profissionalizados, onde sua agilidade pode representar uma vantagem competitiva importante. Com base no modelo de fluxo de caixa descontado (DCF), o banco estima um valor patrimonial de R$ 30 bilhões para a empresa, o que representa um potencial de valorização de 83% de valor de mercado para a companhia.

“Reiteramos nossa recomendação overweight para a Hapvida, que segue subavaliada e bem posicionada para crescer tanto em mercados centrais quanto em regiões pouco exploradas”, conclui o relatório.

Com o foco dos investidores voltando-se para os fundamentos de longo prazo no pós-pandemia, o Morgan Stanley indica que a combinação de espaço para crescimento, liderança em seu nicho e valuation atrativo fazem da Hapvida a principal aposta no setor de saúde privado brasileiro. Já no caso da Rede D’Or, o desempenho consistente e previsível da companhia não compensa, no momento, as limitações para expansão e o retorno potencial mais modesto.

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