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No Banco do Brasil, nada de dividendos extraordinários até 2027

Banco reduziu percentual do lucro que é distribuído em dividendos e defende manutenção do payout de 30% ao longo do ano que vem

Banco do Brasil: prioridade é recompor capital principal (Leandro Fonseca/Exame)

Banco do Brasil: prioridade é recompor capital principal (Leandro Fonseca/Exame)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 13 de novembro de 2025 às 12h38.

O Banco do Brasil (BBAS3), que registrou mais uma forte queda nos lucros trimestrais, só deve discutir a possibilidade de dividendos extraordinários no final do ano que vem. O CFO, Geovanne Tobias, foi assertivo: "a diretoria vai continuar defendendo o payout de 30%". O percentual dos lucros que é distribuído aos acionistas foi revisado após os resultados do segundo trimestre, por decisão do conselho de administração do BB.

A redução de payout, explica Tobias, visa recompor o capital principal do banco, aquela parcela de maior qualidade e que é importante para absorver impactos de perdas inesperadas, por exemplo. No terceiro trimestre, esse capital principal estava em 11,6% no BB. "A gente considera uma área ótima, mas sabemos que 2026 tem desafios regulatórios que vão acabar demandando mais capital", explica o CFO.

O executivo diz que a trilha de rentabilidade do banco precisa melhorar antes do payout voltar a subir. Isso passa pela diminuição das provisões, que machucaram o balanço do BB nos últimos dois trimestres, e depende agora do ritmo de renegociação de dívidas. Na carteira agro, o banco vai se valer da Medida Provisória 1314, que implementa um programa para facilitar esse processo.

"Estamos agora correndo para acelerar as renegociações em novembro e dezembro. E uma renegociação não deixa de ser um crédito novo. Não estamos com as carteiras fechadas".

Cenário mais benigno

O BB tem a expectativa de um cenário "mais benigno" para o ano que vem. A estratégia é crescer em carteira de pessoas físicas, em linhas de menor risco, mas também de bom retorno, segundo o CFO.

"Vamos avaliar se, potencialmente, no final de 2026, poderíamos remunerar o nosso acionista com um dividendo extraordinário, sem mudar política de payout de 30%. Claro, dependendo da aprovação de nosso conselho de administração", afirma Tobias.

O lucro líquido ajustado do BB caiu 60,2% no terceiro trimestre de 2025, para de R$ 3,785 bilhões. O banco reduziu para a projeção de lucro em 2025, do intervalo de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões, para a faixa entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. O custo do crédito também, por sua vez, foi ajustado para cima, com projeções entre R$ R$ 59 bilhões e R$ 62 bilhões.

Anúncio de JCP

O BB anunciou a distribuição de R$ 410,6 milhões em juros sobre capital próprio, referente ao balanço do terceiro trimestre. A distribuição do provento está programada para o dia 11 de dezembro deste ano.

"O JCP traz um benefício fiscal para todas as empresas. Temos sim espaço para podermos declarar e imputar depois isso nos dividendos mínimos obrigatórios, previstos em lei. Continuaremos com essa estratégia enquanto fizer sentido fiscalmente para nós", disse Tobias.

Questionado se o BB poderia antecipar a apuração de lucro para distribuição de dividendos ainda este ano, para escapar de uma eventual tributação no ano que vem, como propõe o governo, o CFO diz que isso "não está no radar" do banco agora.

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