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Nubank poderia ser avaliado em US$ 140 bilhões — se fosse um banco americano, diz JPMorgan

Banco simulou avaliação do 'roxinho' com metodologias utilizadas para calcular valor justo de fintechs dos Estados Unidos

Sede do Nubank no México (Divulgação)

Sede do Nubank no México (Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 27 de setembro de 2025 às 06h00.

O JPMorgan avalia que o Nubank (ROXO34), que rencentemente voltou a ser o banco mais valioso da América Latina, com valor de mercado de R$ 404 bilhões, poderia atingir valor de mercado de até US$ 140 bilhões (R$ 750,9 bilhões) caso fosse precificado a partir dos múltiplos de fintechs americanas, como Chime, SoFi e Affirm. Para efeito de comparação, esse valor representaria um potencial de valorização de cerca de 85% em relação às cotações atuais.

A equipe de research do banco explica que muitas dessas empresas são avaliadas com base em múltiplos de receita e lucro bruto, já que ainda não atingiram escala suficiente para serem analisadas por múltiplos de lucro.

Embora exista debate sobre as diferenças entre mercados emergentes e desenvolvidos — seja no custo de capital ou na natureza das receitas (transacionais x crédito) —, o JPMorgan ressalta que o Nubank deve registrar crescimento médio anual (CAGR, na sigla em inglês) de 28% nas receitas entre 2024 e 2027, em linha com os pares globais (20%-30%). O banco também projeta alta de 25% a 30% no lucro bruto no mesmo período.

Apesar de atuar em um negócio intensivo em capital, o Nubank já reportou retorno sobre patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) superior a 50% em algumas geografias, um nível considerado elevado.

Nubank versus fintechs dos EUA

O JP Morgan calculou o valor de Nubank com as metodologias de valuation utilizadas na análise da SoFi, Affirm e Chime.

Para avaliar a SoFi, o mercado toma como base o seu patrimônio tangível, tanto no múltiplo de preço quanto de rentabilidade, além da relação preço por receita. Isso tem a ver com o perfil da empresa, responsável pelo refinanciamento de empréstimos estudantil, crédito pessoal, hipotecas, cartões de crédito, além de produtos de investimento e seguros.

Pelo método como a SoFi é avaliada, o JP Morgan chega a um valor justo de US$ 63 bilhões no crédito e US$ 21 bilhões em tarifas para o Nubank, totalizando US$ 83 bilhões de valor de mercado — o equivalente a US$ 17,3 por ação, ou 10% acima da cotação atual.

Na Affirm, referência no segmento BNPL (compre agora, pague depois), com parcerias com grandes plataformas de e-commerce, a avaliação olha para a relação entre preço e receita e entre preço e lucro líquido. Por esse método, o o valor justo do Nubank chegariaa US$ 142 bilhões, ou US$ 29,5 por ação, representando 83% de alta em relação ao preço atual.

Já na Chime, o valuation olha para a relação entre preço e lucro transacional e, se aplicada ao Nubank, essa metodologia resultaria em apenas US$ 25 bilhões de valor justo, ou US$ 5 por ação, implicando em queda de 70% frente às cotações atuais.

O JPMorgan, contudo, ressalta que esse método subestima o negócio de crédito do Nubank, responsável pela maior parte da rentabilidade, e considera mais adequado adotar uma abordagem parecida com a da SoFi.

"Não temos certeza se os múltiplos de receita são sustentáveis ​​para todas as empresas. Embora sejam um proxy interessante e útil sempre que as empresas estão em uma fase de maior crescimento, os múltiplos de receita podem ser enganosos, pois há custos associados às receitas que não são facilmente percebidos", ressalva o banco.

Recomendação de compra

O JPMorgan mantém recomendação overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) para as ações do Nubank, com preço-alvo de US$ 17. Analistas destacam ainda outros fatores que podem impulsionar a valorização do 'roxinho':

  1. Avanço das operações no México, enquanto o Brasil segue sólido, com amplo mercado endereçável (TAM) e vantagem competitiva em custo de serviço (CTS);

  2. Enfraquecimento do dólar, que melhora as estimativas de lucro, já que o modelo do banco considera câmbio de R$ 5,80–5,90 por dólar, contra o nível atual de R$ 5,30;

  3. Expansão geográfica, incluindo a possível licença bancária no México.

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