Redatora
Publicado em 22 de julho de 2025 às 05h01.
A corrida pela liderança em inteligência artificial descompassou as "Sete Magníficas". Em 2025, Amazon, Alphabet, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla tem desempenhos bem diferentes na bolsa, um reflexo do ritmo de cada uma na disputa por espaço nessa nova era do mercado de tecnologia.
Segundo o Wall Street Journal, o desempenho recente mostra que a tese de que todas caminham juntas começa a se desfazer. Microsoft, Meta e Nvidia já sobem mais de 20% no ano. Enquanto isso, Apple acumula queda de 16% e Alphabet recua 2%.
Analistas observam que o entusiasmo com inteligência artificial não se distribui igualmente. Algumas empresas seguem na vanguarda, enquanto outras enfrentam desafios para convencer o mercado de que estão bem posicionadas.
Embora ainda representem cerca de 35% do S&P 500 e tenham sido determinantes tanto na correção de abril quanto na recuperação subsequente, a divergência de fundamentos entre as empresas do grupo é cada vez mais visível.
A Apple, por exemplo, tem decepcionado investidores com seu ritmo lento no setor. O lançamento do Apple Intelligence não gerou o impacto esperado, e as atualizações de IA para a assistente Siri devem demorar a chegar ao mercado, possivelmente apenas em 2026. Fundos que antes acumulavam papéis da empresa agora reduzem exposição e redirecionam recursos para nomes como Nvidia e Microsoft.
No caso da Alphabet, o foco está no risco regulatório e no impacto da IA generativa na principal fonte de receita da companhia, o mecanismo de busca. Apesar disso, investidores ainda veem potencial na base de dados da empresa e em ferramentas como o Gemini e os novos resumos com inteligência artificial que aparecem nos resultados de busca.
Já a Tesla, que acumula queda de 18% no ano, está em processo de transformação. Elon Musk busca reposicionar a companhia como líder em robótica e IA, mas enfrenta dúvidas em meio à queda nas vendas de veículos elétricos e ao seu envolvimento com a política americana.
Na outra ponta, Nvidia se consolida como a principal vencedora do momento. Após ultrapassar 4 trilhões de dólares em valor de mercado, a empresa se descolou das demais, impulsionada pela explosão da demanda por chips voltados à inteligência artificial.
Microsoft e Meta também seguem bem posicionadas. A Amazon, por sua vez, avança 3% no ano. A companhia foi impactada pelas tarifas de Trump, mas mantém apostas em IA por meio da startup Anthropic.
A temporada de balanços deve indicar até que ponto essas empresas seguem investindo pesado em inteligência artificial. Os investidores agora aguardam os resultados de Alphabet e Tesla, que saem nesta quarta-feira, 23. Já Meta, Microsoft e Apple divulgam seus números na próxima semana.
Com múltiplos elevados, seis das sete companhias negociam acima de 25 vezes o lucro estimado, enquanto a média do S&P 500 é de 22,35 vezes. Apenas a Alphabet está abaixo desse patamar.
Projeções do Morgan Stanley indicam que o grupo das Sete Magníficas deve registrar crescimento de 14% no lucro líquido no segundo trimestre. O restante das empresas do S&P 500, por outro lado, deve apresentar queda de 3%.
Parte do mercado acredita que essa diferença é temporária e que as sete podem voltar a se alinhar conforme avançam na transição para a era da IA. Ainda assim, investidores começam a questionar se o grupo continuará relevante como um bloco coeso.
Também há quem veja a possibilidade de surgirem novos nomes para liderar o mercado, como ocorreu com a antiga sigla FAANG (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google), que perdeu força em 2023. O futuro das Sete Magníficas dependerá de como cada uma navegará essa nova fase do mercado.