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'O pior já passou': Wall Street vê com otimismo trégua entre Trump e União Europeia

Índices da Bolsa de Valores registraram os melhores números desde o anúncio das tarifas, em 2 de abril

Trump: presidente prometeu adiar taxas à União Europeia até julho. (Mandel NGAN / AFP)

Trump: presidente prometeu adiar taxas à União Europeia até julho. (Mandel NGAN / AFP)

Estela Marconi
Estela Marconi

Freelancer

Publicado em 28 de maio de 2025 às 08h45.

Wall Street está apostando que o período mais crítico da guerra comercial de Donald Trump já passou. O alívio aconteceu após o anúncio de uma trégua nas tensões entre Estados Unidos e União Europeia, conforme divulgado pelo jornal The Wall Street Journal.

O presidente norte-americano conversou por telefone com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e anunciou que adiaria as imposições de novas tarifas à UE até o dia 9 de julho. Por sua vez, o bloco europeu prometeu acelerar as negociações com os Estados Unidos.

O alívio entre EUA e UE impulsionou um aumento de 2% no índice S&P 500, que representa o maior ganho desde o dia 12 de maio, quando a reversão de tarifas entre Trump e a China gerou uma alta ainda mais evidente no mercado. Investidores têm recebido com entusiasmo qualquer sinal de redução nas tensões comerciais, esperando que os EUA firmem acordos sem causar danos à economia ou aos lucros das empresas.

Reação dos mercados e cautela dos investidores

Após a conversa entre Trump e Ursula von der Leyen, o índice Dow Jones Industrial Average subiu 741 pontos (1,8%) e o Nasdaq liderou os ganhos, com alta de 2,5%. Além disso, os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos caíram para 4,432%, puxados por um rali global de títulos, enquanto o dólar se fortaleceu. Os principais índices já recuperaram as perdas registradas após o anúncio das novas tarifas em 2 de abril.

Apesar do otimismo, muitos investidores mantêm cautela diante do cenário ainda incerto. As ações do S&P 500 continuam com múltiplos considerados altos, negociadas a 21 vezes os lucros esperados para os próximos 12 meses — acima da média de 18,7 vezes da última década.

Para parte dos investidores, esse nível de valuation não condiz com o cenário de incerteza, especialmente em relação aos possíveis desdobramentos da política comercial de Trump. Keith Buchanan, gestor sênior da Globalt Investments, afirma que o sentimento do mercado melhorou — mas talvez de forma precipitada.

Ameaças recentes e o impacto no mercado

Na última sexta-feira, 23, Trump ameaçou impor tarifas de 50% à União Europeia e advertiu a Apple, quando a empresa anunciou novos investimentos em fábricas na Índia, ameaçando mais taxações. Essa tensão provocou a pior semana para o S&P 500, com queda superior a 2% nos principais índices.

Eric Sternet, diretor de investimentos da Apollon Wealth Management, comentou que o mercado está aliviado — por enquanto: “precisamos apenas superar essa incerteza para que empresas e consumidores possam se planejar”.

O adiamento das tarifas até 9 de julho, aliado à promessa da UE de acelerar as negociações, foi rapidamente valorizado pelo mercado, mas o consenso entre especialistas é que a tensão comercial ainda pode gerar volatilidade em breve.

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