'TACO Trade': durante um evento na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos ficou irritado ao ser confrontado com a expressão (Brendan SMIALOWSKI/AFP)
Editora do EXAME IN
Publicado em 28 de maio de 2025 às 17h59.
Última atualização em 29 de maio de 2025 às 11h36.
Esqueça o MAGA, Make America Great Again, o slogan de campanha de Donald Trump.
Os investidores estão usando outro acrônimo para definir como operar no mercado financeiro no seu segundo mandato: o 'TACO Trade'.
Durante um evento na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos ficou irritado ao ser confrontado com a expressão, uma sigla para 'Trump Always Chickens Out' (ou em bom português “Trump sempre amarela”).
A tese por trás do termo é simples: sempre que Trump ameaça impor tarifas agressivas contra parceiros comerciais, o mercado reage mal, mas, em seguida, se recupera quando o presidente volta atrás. Investidores atentos a esse padrão aprenderam a lucrar com a volatilidade: compram ações no pânico e vendem na retomada.
“É inacreditável”, disse Trump. “Eles só estão aqui negociando porque eu impus uma tarifa de 50%. Mas quando fecho um acordo mais razoável, dizem que fui covarde. Isso é ridículo.”
O “TACO Trade” foi cunhado por um colunista do Financial Times e logo adotado por traders acostumados a decifrar os humores da Casa Branca durante o governo Trump.
A sigla virou uma espécie de manual informal para surfar os altos e baixos causados por seus anúncios tarifários, que muitas vezes eram revertidos dias depois.
O histórico dá força à tese. No caso mais recente, as ações despencaram na última sexta-feira, 23, depois que Trump ameaçou impor uma tarifa de 50% para mercadorias europeias começando em 1º de junho, e passaram a disparar em seguida depois que o presidente concordou em postergar a cobrança em mais de um mês para negociar com os países do Velho Continente.
Trump insiste que tudo faz parte de uma estratégia: “Você começa com um número ridiculamente alto e depois recua um pouco. Isso se chama negociação”, afirmou.
Mas analistas alertam que o padrão se tornou tão previsível que pode ter perdido o efeito. Em outras palavras: cada vez que ele recua, os parceiros comerciais passam a levar menos a sério a ameaça seguinte.
Apesar das críticas, há quem veja eficácia pontual no método. Em um dos exemplos mencionados por Trump, o governo da Colômbia voltou a aceitar voos de deportação após a ameaça de tarifas de 50%.
Mesmo assim, no mercado financeiro, o que pegou mesmo foi o apelido – para o desespero do presidente.