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Onda de IPOs reflete a volta da confiança no cinema chinês

Movimento mostra que cresceram as apostas de que o mercado cinematográfico do país pode se tornar o maior do mundo

Cathay Media destaca que a concorrência entre serviços de streaming impulsiona a demanda por filmes e programas de televisão. (Cathay Media/Divulgação)

Cathay Media destaca que a concorrência entre serviços de streaming impulsiona a demanda por filmes e programas de televisão. (Cathay Media/Divulgação)

TL

Tais Laporta

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 09h42.

Última atualização em 21 de outubro de 2019 às 09h51.

Mais estúdios de cinema e televisão da China estão tentando arrecadar recursos junto a investidores de Hong Kong. O movimento mostra a renovação da confiança no mercado cinematográfico que retomou a perspectiva de se tornar o maior do mundo, ultrapassando os EUA.

A Cathay Media Group, empresa conhecida por dramas de época e uma universidade de artes, entrou com pedido de abertura de capital (initial public offering ou IPO) em Hong Kong no mês passado, no que pode ser a terceira grande colocação do ano por uma companhia de cinema e televisão da China continental.

Essas ofertas de ações sugerem que a indústria cinematográfica chinesa está se recuperando depois de escândalos de sonegação de impostos que provocaram reação do governo. Além disso, a censura mais rigorosa contribuiu para a diminuição das vendas nas bilheterias no primeiro semestre.

A venda de ingressos para filmes aumentou 2% em setembro, após um salto de 13% em agosto. Ainda assim, o setor deve encerrar 2019 com o primeiro recuo desde pelo menos 2011 por causa de quedas acentuadas nas bilheterias no início do ano.

“Se a Cathay Media tiver sucesso, outras companhias similares buscarão listagem em Hong Kong”, disse Wilson Chow, líder da área de tecnologia, mídia e telecomunicação da PwC na China.

O aumento nas operações em Hong Kong também marcaria uma reviravolta após a produtora e distribuidora americana de filmes STX Entertainment, apoiada pela gigante chinesa de internet Tencent Holdings, suspender planos de abrir o capital em Hong Kong em outubro do ano passado, citando condições políticas e de mercado “significativamente deterioradas” na região.

A Maoyan Entertainment, distribuidora de filmes que é também a maior plataforma online de ingressos da China, levantou US$ 250 milhões em sua estreia em Hong Kong em fevereiro deste ano, apoiada por investidores como a própria Tencent. O estúdio de televisão Shanghai Youhug Media planeja uma IPO de pelo menos US$ 100 milhões por lá, segundo informação passada em janeiro por pessoas familiarizadas com o assunto.

A Cathay Media pretende captar cerca de US$ 200 milhões com a IPO em Hong Kong, conforme reportagem publicada pela revista IFR no mês passado, citando pessoas próximas à operação. A Cathay Media se recusou a comentar.

Avanço do streaming

Plataformas como iQiyi (da Baidu), Tencent Video e Youku Tudou (da Alibaba Group Holding) estão despejando bilhões de iuanes em novos programas para atrair e reter usuários.

“Definitivamente, há impulso aqui”, disse Peter Chan, líder para as áreas de tecnologia, mídia e telecomunicação da Ernst & Young em Hong Kong. “O mercado internacional de capitais de Hong Kong é certamente atraente para empresas de entretenimento do continente “.

As ações de estúdios de cinema e televisão da China desabaram no ano passado, depois que celebridades como a atriz Fan Bingbing foram acusadas de sonegar impostos. Fan deixou de aparecer publicamente, mas ressurgiu

após um pedido de desculpas nas redes sociais e um acordo para pagar mais de US$ 100 milhões em impostos e multas.

O escândalo e os novos limites do governo sobre o pagamento de artistas assustaram investidores e diminuíram a produção em estúdios que vinham realizando filmes para atender a uma demanda que mais que quintuplicou desde 2010, chegando a 56,6 bilhões de iuanes (US$ 8 bilhões) no ano passado.

Entre as mais de 1.000 empresas do continente listadas em Hong Kong, apenas quatro são do ramo de cinema e televisão. Filmes de grande sucesso como “Ne Zha” (o segundo de maior bilheteria na China até hoje) e “Terra à Deriva” (o terceiro colocado) aumentam a confiança e a atratividade das ofertas de ações, afirmou Chan da E&Y.

“Continuamos como uma visão oportunista do crescimento de longo prazo da indústria de entretenimento da China”, disse Chow, da PwC. “Afinal, filmes e entretenimento são o passatempo mais popular do país.”

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