Repórter
Publicado em 20 de novembro de 2025 às 10h42.
Para o analista Dan Ives, da Wedbush, um dos "queridinhos de Wall Street", os Estados Unidos estão à frente da China pela primeira vez na corrida da tecnologia — e tudo graças a quem ele chama de "padrinho da inteligência artificial (IA)": Jensen Huang, CEO da Nvidia.
Em seu perfil no X (antigo Twitter), Ives afirmou que os números da Nvidia representam "um importante momento de validação para a Revolução da IA e para as ações de tecnologia". "Pela primeira vez em 30 anos, os EUA estão à frente da China na corrida tecnológica, liderada pelo padrinho da IA, Jensen", escreveu o analista.
We believe Nvidia's numbers were a major validation moment for the AI Revolution and tech stocks. For the first time in 30 years the US is ahead of China in the tech race led by the Godfather of AI Jensen. This is a 1996 Moment and NOT a 1999 Bubble Moment for tech stocks🔥🏆🐂🍿
— Dan Ives (@DivesTech) November 20, 2025
Para Ives, o momento remonta ao ano de 1996 e não a "um momento de bolha como o de 1999 para as ações de tecnologia".
Enquanto 1996 representava o início genuíno da transformação digital, com inovações reais e fundamentos sólidos, 1999 foi marcado pelo auge da especulação e a formação de uma bolha no mercado, conhecida como a "bolha pontocom".
Em 1996, a internet começava a ganhar tração, com empresas como Netscape liderando o caminho e criando uma base real de usuários. Já em 1999, o mercado estava inundado de IPOs de empresas sem modelo de negócios viável, mas com valuations inflacionadas simplesmente por terem ".com" no nome.
A principal diferença, para o mercado, é que 1996 foi um ponto de partida, onde a inovação estava ocorrendo de maneira estruturada, enquanto 1999 representou a desconfiança e a especulação, que acabaram levando ao colapso do mercado. Para Ives, a situação atual é mais semelhante ao início da revolução digital de 1996, com crescimento genuíno e fundamentos sólidos, e não uma bolha prestes a estourar como em 1999.
Com uma previsão de receita de US$ 65 bilhões para o trimestre de janeiro, cerca de US$ 3 bilhões a mais do que os analistas previam, a Nvidia afastou parcialmente as preocupações sobre o futuro do setor de IA, que havia gerado incertezas nos últimos meses.
Brian Mulberry, gerente de portfólio da Zacks Investment Management, que tem ações da Nvidia, reforçou à Bloomberg que a demanda por soluções de hardware da Nvidia segue forte, especialmente entre os grandes centros de dados.
Analistas também destacaram que o desempenho da Nvidia coloca a empresa em uma posição vantajosa frente aos rivais, como AMD e Broadcom, que ainda tentam ganhar terreno no mercado de chips para IA.
Por outro lado, Michael Burry, o investidor famoso por prever a crise de 2008, ofereceu um ponto de vista crítico em relação ao mercado de IA e ao alto custo energético associado aos chips usados pela Nvidia. Em seu perfil no X (antigo Twitter), Burry expressou preocupações sobre a sustentabilidade desses investimentos no longo prazo.
Burry comentou que, embora os chips da Nvidia sejam amplamente utilizados, o A100, chip mais antigo da empresa, consome de 2 a 3 vezes mais energia por operação (FLOP) do que os chips mais recentes, como o H100. Ele também questionou a eficiência energética da Nvidia, apontando que os H100 são 25 vezes menos eficientes em termos de consumo de energia do que os chips Blackwell, mais recentes.
Para Burry, isso representa um risco substancial para a rentabilidade, comparando a situação a aviões antigos que, apesar de serem usados, acabam sendo apenas marginalmente lucrativos. Ele se mostrou cético sobre a ideia de que a IA poderia sustentar um crescimento tão explosivo sem comprometer a viabilidade econômica no futuro.