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Para o CEO do McDonald's, antídoto à política fiscal de Trump é o salário mínimo único

De acordo com a legislação americana, estabelecimentos que oferecem gorjetas podem pagar salários menores para seus funcionários, já que uma parte significativa da renda é recebida por meio das gorjetas

Donald Trump: como lei do presidente dos EUA pode afetar a maior rede de fast food do mundo (Doug Mills/AFP)

Donald Trump: como lei do presidente dos EUA pode afetar a maior rede de fast food do mundo (Doug Mills/AFP)

Publicado em 4 de setembro de 2025 às 07h45.

As políticas fiscais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem afetar diretamente o McDonald's. Segundo o CEO da rede de fast food, Chris Kempczinski, a isenção de impostos as gorjetas recebidas não beneficiará seus funcionários e a criação de um salário mínimo único pode ajudar a evitar disparidades entre os restaurantes americanos.

Para ele, a política cria uma competição desigual entre os restaurantes. Isso porque, segundo a legislação americana, estabelecimentos que oferecem gorjetas podem pagar salários menores para seus funcionários, já que uma parte significativa da renda é recebida por meio das gorjetas.

Esses trabalhadores têm um salário mínimo federal é de apenas US$ 2,13 por hora, valor estabelecido em 1991. Já o salário mínimo federal regular é de US$ 7,25 por hora, desde 2009. A solução, segundo o CEO do McDonald's, seria a instituição de um único salário mínimo para todos os funcionários de restaurantes, sem a diferenciação por gorjetas.

“Se você é um restaurante que permite gorjetas ou tem gorjetas como parte da equação, você está basicamente fazendo o cliente pagar pelo seu trabalho e ainda recebe um benefício extra da isenção de impostos sobre gorjetas”, afirmou.

O McDonald's já havia ajustado seu próprio salário mínimo em 2021, aumentando os salários de seus trabalhadores em cerca de 10% pela escassez de mão de obra durante a pandemia. Atualmente, os trabalhadores de nível inicial ganham entre US$ 11 e US$ 17 por hora, e os gerentes entre US$ 15 e US$ 20.

A medida fiscal de Trump

A medida foi incluída na lei "One Big Beautiful Bill", assinada por Trump em julho, e permite uma dedução de até US$ 25 mil na renda tributável proveniente de gorjetas. Trabalhadores de fast food, garçons, bartenders, chefs, cozinheiros, e outros profissionais da alimentação têm direito à dedução, divulgou a Casa Branca.

Apesar dos elogios à política como uma oportunidade de aliviar o peso fiscal de muitos trabalhadores, alguns especialistas apontam que o impacto real da medida pode ser limitado. Um estudo da Yale Budget Lab revelou que, em 2022, 37% dos trabalhadores que recebem gorjetas tinham rendimentos baixos o suficiente para estarem isentos de impostos federais, tornando a dedução irrelevante para essas pessoas, segundo a Fortune.

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