Preço do barril: caso o Estreito de Ormuz seja interditado, cotação do petróleo poderá ultrapassar US$ 100 (Anton Petrus/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 23 de junho de 2025 às 15h48.
A ausência de um fator surpresa no ataque do Irã contra bases americanas no Catar, nesta segunda-feira, 23, gerou justamente um resultado inesperado: a queda dos preços do petróleo.
O que acontece é que o Irã revidou o ataque americano no sábado, e lançou diversos mísseis contra bases militares dos Estados Unidos no Oriente Médio. Ao todo, 11 mísseis foram lançados em direção a Doha, capital do Catar.
O esperado, então, era que os mercados vissem essa retaliação como mais um passo que poderia suprimir a oferta de petróleo — mas não foi o que aconteceu.
Ao contrário do final de semana, quando os preços do petróleo dispararam 5,7% e atingiram ontem o maior nível em cinco meses, na esteira da probabilidade de Teerã responder o ataque dos EUA bloqueando o Estreito de Ormuz, tanto os contratos futuros mais negociados do Brent quanto do WTI caem mais de 6% por volta das 15h.
Para o petróleo subir, o medo era que a região — passagem de 20% do petróleo comercializado no mundo e mais de um quinto do fornecimento mundial de gás natural liquefeito (GNL) — pudesse ser fechada. E o Parlamento iraniano aprovou ontem a interdição da via marítima, faltando agora a aprovação do Conselho Supremo de Segurança Nacional e do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.
Caso o Estreito de Ormuz seja interditado, o preço do barril de petróleo poderá ultrapassar US$ 100, dizem economistas.
Mas não foi isso que aconteceu até então — nenhum lugar foi interditado —, o que colabora para a queda dos preços nesta segunda-feira, 23.
"O Irã falou com a Rússia, pedindo apoio econômico, antes de tomar uma decisão mais concreta de fechar o Estreito de Ormuz, quase como se eles estivessem blefando nas posições anteriores", explica o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz.
Além disso, ao que tudo indica, o ataque do Irã foi “simbólico”. Um dos fatores que apontam para isso é o bombardeio ter sido previamente articulado com o Catar, além de Teerã ter lançado exatamente 11 mísseis, o mesmo número usado pelos EUA em um ataque anterior a alvos iranianos.
Também não há registro de vítimas e muitos dos mísseis foram neutralizados pelos sistemas de defesa, o que reforça a percepção de que a retaliação foi proporcional.