Arábia Saudita, Rússia, Estados Unidos, Iraque e Canadá produziram, juntos, 27 milhões de barris por dia no mês passado (Spencer Platt/Getty Images)
Repórter de Mercados
Publicado em 4 de julho de 2025 às 13h40.
Última atualização em 4 de julho de 2025 às 14h52.
A produção de petróleo dos países membros da Opep cresceu em junho, puxada principalmente pela Arábia Saudita, segundo levantamento da Reuters. O aumento ocorre em meio à estratégia do grupo Opep+ — que reúne os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados como a Rússia — de reverter os cortes de produção adotados nos últimos anos. Para agosto, a expectativa é de mais um aumento, desta vez de 411 mil barris por dia (bpd), em decisão que deve ser formalizada neste sábado, 5.
Em junho, a Opep produziu 27,02 milhões de bpd, um aumento de 270 mil bpd em relação a maio. A Arábia Saudita liderou a elevação, respondendo por 200 mil bpd do total, embora ainda esteja abaixo de sua cota oficial de produção. Recentemente, as receitas com exportações sauditas de petróleo caíram ao menor nível em quatro anos.
O crescimento de junho aconteceu no contexto de um acordo entre oito países da Opep+ — cinco deles membros da Opep (Argélia, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos) — que previa um aumento combinado de 313 mil bpd, parcialmente compensado por cortes extras de 173 mil bpd, exigidos de Iraque, Kuwait e Emirados.
Na prática, esses cinco países elevaram a produção em 267 mil bpd. Os Emirados Árabes aumentaram a produção em 100 mil bpd, mas também ficaram abaixo da cota. O Iraque, pressionado por ter ultrapassado seus limites em meses anteriores, reduziu sua produção em junho. Há divergências sobre os volumes efetivos de produção do Iraque e dos Emirados: fontes independentes, como a Agência Internacional de Energia (IEA), estimam que ambos produzem mais do que os números oficiais indicam.
A metodologia da pesquisa da Reuters se baseia em dados de fluxo de petróleo de empresas como a LSEG e Kpler, além de informações de fontes internas da indústria e consultorias.
Agora, a expectativa do grupo Opep+ é continuar ampliando a oferta em agosto. Fontes ouvidas pela Reuters afirmam que os oito países do bloco devem aprovar um aumento de 411 mil bpd na reunião deste sábado. Caso o valor seja confirmado, o grupo terá elevado suas metas de produção em 1,78 milhão de bpd desde abril — o equivalente a 1,5% da demanda global.
No entanto, esses aumentos vêm sendo parcialmente compensados por cortes adicionais exigidos de países que excederam suas cotas anteriormente, o que limita o impacto líquido no mercado. Apesar disso, a maior oferta tem pressionado os preços do petróleo.
A mudança de postura marca uma guinada na política da Opep+, que entre 2020 e 2023 manteve cortes superiores a 5 milhões de bpd. Desde abril deste ano, os oito países vêm desfazendo progressivamente o último corte de 2,2 milhões de bpd, com aceleração em maio, junho e julho.
Entre os destaques, o Cazaquistão voltou a produzir em alta, chegando a um recorde histórico, impulsionado pela expansão do campo Tengiz, liderado pela Chevron.
Com cerca de metade da produção global de petróleo sob sua responsabilidade, a Opep+ busca recuperar participação de mercado frente ao aumento da oferta por parte de outros produtores, como os Estados Unidos.