Redatora
Publicado em 25 de junho de 2025 às 07h16.
A receita da Arábia Saudita com exportações de petróleo recuou ao menor patamar em quase quatro anos, segundo dados divulgados pela autoridade estatística do país e compilados pela Bloomberg.
Em abril, os ganhos com a venda de petróleo bruto e derivados somaram US$ 16,5 bilhões, o que representa uma queda de 21% na comparação anual e de 7% em relação ao mês anterior.
A queda acompanha o tombo nos preços internacionais do petróleo. De acordo com a Bloomberg, o Brent, referência global da commodity, recuou mais de 15% no mês, atingindo o nível mais baixo desde 2021.
O movimento foi provocado por dois choques: o anúncio de novas tarifas comerciais pelos Estados Unidos, sob comando do presidente Donald Trump, e a decisão da Opep+ de acelerar o aumento da produção, surpreendendo o mercado.
Desde então, os preços se recuperaram parcialmente e o Brent é negociado em torno de US$ 68 por barril. Mesmo assim, acumula queda de aproximadamente 9% no ano, após devolver os ganhos relacionados ao conflito entre Irã e Israel, que perdeu força com a trégua firmada nesta semana.
A retração nos preços do petróleo aumenta a pressão sobre as contas públicas sauditas. O governo segue com altos níveis de gastos para financiar o ambicioso programa Vision 2030, liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, e já enfrenta déficits fiscais mais profundos.
Segundo Mohamed Abu Basha, chefe de análise macroeconômica do EFG Hermes, preços próximos de US$ 65 por barril podem ampliar o rombo nas contas públicas e elevar a necessidade de financiamento e o endividamento do país.
Ainda assim, o analista avalia que essas pressões são administráveis no curto prazo, graças à solidez do balanço saudita e ao acesso ao crédito. Mas, se os preços baixos persistirem, Riad pode ter que revisar planos de gastos e adotar medidas de ajuste fiscal.
A próxima reunião da Opep+ está marcada para o dia 6 de julho, quando será decidido o nível de produção para agosto. Fontes ouvidas pela Bloomberg indicam que a Arábia Saudita é favorável à manutenção do ritmo acelerado de aumento na oferta, com mais 411 mil barris por dia.
O encontro será acompanhado de perto por analistas e investidores, em busca de sinais sobre os próximos movimentos do mercado. Apesar da estabilidade da produção mesmo em meio às tensões no Oriente Médio, o consumo da China, o país que mais importa petróleo no mundo, segue abaixo do esperado, o que mantém o sentimento de cautela entre os agentes.