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Recessão à vista? Os sinais que acenderam alerta na economia dos EUA

Revisão histórica nos dados de emprego e queda no consumo reforçam temores de desaceleração

Publicado em 6 de agosto de 2025 às 13h00.

A possibilidade de uma recessão nos Estados Unidos voltou ao centro das discussões econômicas após a divulgação de dados mais fracos do mercado de trabalho em julho.

O país criou apenas 73 mil empregos no mês, e os números de maio e junho foram revisados para baixo em 258 mil postos. Essa foi a maior correção negativa em dois meses em cerca de 46 anos, desconsiderando o período da pandemia, segundo análise do Morgan Stanley.

Para o mercado, os dados reforçam que a economia americana pode estar em terreno mais instável do que se pensava anteriormente, ainda que a maioria das projeções siga apontando para um “pouso suave” em 2025.

Diante do novo cenário, economistas passaram a monitorar com mais atenção um conjunto de indicadores considerados termômetros antecipados de uma recessão.

Mercado de trabalho

Os economistas ainda vão analisar mais um mês de dados do mercado de trabalho antes da próxima reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed), marcada para setembro, quando se espera que o banco central reduza os juros em 0,25 ponto percentual.

Economistas do Goldman Sachs afirmam que o mercado de trabalho dos EUA está se aproximando de uma situação de “velocidade de estol” — um ponto em que a desaceleração do emprego se retroalimenta de forma contínua.

Segundo o banco, suas estimativas de geração de vagas despencaram após a revisão negativa nos dados de maio e junho, que agora se alinham a outros episódios em que revisões semelhantes antecederam recessões.

Já o Morgan Stanley avaliou que a magnitude da correção representa um aumento de nove pontos percentuais na probabilidade de recessão nos próximos meses, segundo relatório assinado por sua equipe de economistas.

Consumo

Além do emprego, o comportamento do consumidor americano também entrou no radar. Embora o consumo total tenha subido em junho, os gastos com bens duráveis caíram para US$ 2,24 trilhões — cerca de US$ 40 bilhões abaixo do pico registrado em abril, segundo o Bureau of Economic Analysis.

Os dados do setor de serviços também sugerem um freio. O índice de serviços do Institute for Supply Management recuou de 50,8 para 50,1 em julho, o que indica desaceleração nas despesas com esse tipo de atividade.

Segundo analistas do Pantheon Macroeconomics, o ritmo de crescimento do consumo de serviços já vinha enfraquecendo desde o ano passado. Com a piora no mercado de trabalho e o impacto das tarifas sobre a renda real, uma retomada robusta parece improvável no curto prazo.

Alguns analistas apontam sinais de estagnação no consumo, queda na atividade de construção, retração na indústria indústria e tendência de enfraquecimento no mercado de trabalho — tudo isso em um ambiente ainda marcado por inflação, o que limita a margem de atuação do Fed.

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