Ciclus opera aterro em Seropédica (RJ), um dos maiores da América Latina (Divulgação)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 12h21.
Investidores reagem bem à notícia da venda da Ciclus Rio, da Simpar (SIMH3), para a Aegea, numa operação de R$ 1,9 bilhão incluindo a dívida líquida de R$ 800 milhões da empresa de gestão de resíduos, com atuação no Rio de Janeiro. Às 11h30 (horário de Brasília), os papéis SIMH3 subiam 10,3%, a R$ 4,50. A ação não está na carteira do Ibovespa.
Na análise do Safra, a transação é bastante positiva para a Simpar. A avaliação da Ciclus na operação equivale a 31% do valor de mercado da holding, por um ativo que representa somente 2% do EBITDA da Simpar.
"Também avaliamos que a venda é consistente com a estratégia da Simpar de monetizar ativos maduros e melhorar sua estrutura de capital. O valuation, por sua vez, demonstra a qualidade de seus negócios", escreveram os analistas.
O Bradesco BBI também destaca o valuation da operação e calcula que a venda da subsidiária vai ajudar a reduzir em 37% a dívida líquida da Simpar e a alavancagem da companhia em 0,1 vez (a relação dívida líquida e Ebitda dos últimos resultados estava em 3,6 vezes).
"Na nossa visão, a transação traz alívio, dado que a Simpar tem uma alavancagem financeira relativamente alta. O valuation é atrativo, num momento em que a holding tenta extrair o máximo de valor de suas subsidiárias", escreveram os analistas.
O BBI tem recomendação outperform, equivalente a compra, para a ação da holding, com preço-alvo de R$ 10.
A Ciclus Rio, que opera, desde 2010, um aterro sanitário bioenergético em Seropédica (RJ), o maior da América Latina, de acordo com a Simpar. A área possui 3,7 milhões de metros quadrados e processa 10 mil toneladas de resíduos por dia, informa o fato relevante. Metade do biogás captado no aterro é transformado em biometano.
"A operação também transforma chorume em água desmineralizada, unindo eficiência, inovação e responsabilidade socioambiental", explica o fato relevante.
A Ciclus Rio chega ao portfólio da Aegea com uma dívida líquida de R$ 804 milhões, fazendo com que o valor intrínseco da transação (enterprise value) ultrapasse R$ 1,9 bilhão. Assim, a empresa amplia a atuação na gestão de resíduos, iniciada em 2023.
Naquele ano, a Aegea assinou contrato de consórcio com a Engep Ambiental, do Grupo Multilixo, para fazer a gestão de resíduos sólidos urbanos em nove cidades da região do Cariri, no Ceará, por meio do Regenera Cariri.
"Para a Ciclus Rio, ao integrar-se a uma plataforma completa de soluções em saneamento, a empresa continuará em sua expansão, usufruindo da expertise da Aegea nesse segmento", afirma a Simpar, no fato relevante, acrescentando que a venda está alinhada a uma "gestão ativa de portfólio de empresas independentes".
Desde 2024, a Ciclus Ambiental é responsável pela gestão dos resíduos sólidos urbanos de Belém (por meio da Ciclus Amazônia), incluindo serviços de coleta, varrição e disposição final dos resíduos. A Simpar explicou à EXAME que essa operação não foi vendida à Aegea.
"Não há mudança ou qualquer alteração da operação de Belém. Do ponto de vista societário, a Simpar, por meio da CS Brasil, detém 45% da empresa", informou a assessoria de imprensa da holding.