Trump e Jerome Powell: presidente americano segue com ataques ao chefe do Federal Reserve (Drew Angerer/Getty Images)
Repórter
Publicado em 20 de agosto de 2025 às 07h25.
A expectativa em torno da ata do Federal Reserve (Fed) ganhou força nesta semana, com investidores atentos aos sinais que podem vir após o simpósio de Jackson Hole, que acontece nesta quarta-feira, 20, em Wyoming (EUA).
O encontro, que reúne os principais banqueiros centrais do mundo, costuma servir como palco de mudanças na política monetária dos Estados Unidos, mas, neste ano, os analistas projetam um tom mais cauteloso.
Segundo reportagem do Wall Street Journal, Jerome Powell, presidente do Fed, dificilmente repetirá a postura mais flexível de 2023, quando indicou a possibilidade de cortes de juros. Com a inflação dando sinais de aceleração e o mercado de trabalho ainda pressionado, a tendência é que Powell mantenha o discurso firme. Economistas do Bank of America afirmaram, em relatório, que Powell “tem argumentos suficientes para sustentar sua posição em Jackson Hole”.
Dados do CME FedWatch apontam para cerca de 85% de chance de uma redução da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual em setembro. Outros analistas apostam que pode ocorrer um corte maior, de 0,50 ponto. A reportagem destacou que parte dessa expectativa se deve ao enfraquecimento do mercado de trabalho e à pressão política do governo Trump, que cobra uma redução mais agressiva dos juros e, inclusive, segue analisando uma suposta "demissão" do presidente do Fed.
De acordo com uma análise do editor sênior de mercados e colunista da Bloomberg Opinion, John Authers, o fator político tem pesado ainda mais levando em conta que o mandato de Powell se aproxima do fim. Dois governadores que estão cotados para substituí-lo já votaram por cortes anteriormente, e outros membros do Comitê de Política Monetária também podem se alinhar a essa posição, de olho na sucessão. A leitura do jornalista é que o mercado espera que essa disputa interna aumente a probabilidade de cortes mais amplos.
A ata do Fed, que será divulgada após Jackson Hole, deve trazer pistas sobre como o comitê avalia o balanço entre inflação e emprego, os dois pilares de seu mandato. Embora a inflação ainda esteja acima da meta de 2%, os dados de mercado de trabalho mostram desaceleração. Esse contraste deve ser um dos pontos centrais do documento.
Segundo Authers, o risco é de que os mercados estejam superestimando a chance de cortes mais agressivos. Se Powell mantiver a postura firme contra a pressão política e sinalizar que cortes adicionais não serão imediatos, a reação pode ser forte tanto nos juros futuros quanto no dólar. Um “corte hawkish” — redução acompanhada de indicação de cautela para novos ajustes — é apontado como cenário possível.