Invest

Tarifas de Trump, IPCA, falas de dirigentes do Fed: o que move os mercados

Na agenda política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa às 10h de uma entrevista coletiva com mídias independentes

Publicado em 10 de julho de 2025 às 07h58.

Os mercados brasileiros devem abrir esta quinta-feira, 10, sob forte pressão após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil. A medida, com início previsto para 1º de agosto, repercute negativamente entre exportadores e já provocou reação diplomática: o Itamaraty devolveu a carta enviada por Trump, chamando-a de ofensiva e repleta de erros factuais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, prometeu resposta com base na Lei de Reciprocidade Econômica. Nas redes sociais, Lula afirmou que o Brasil é um país soberano com instituições independentes e prometeu reciprocidade caso a tarifa seja implementada. A resposta institucional tenta conter a pressão crescente do setor produtivo, que teme impactos diretos sobre exportações, empregos e investimentos.

A carta de Trump associa a tarifa a questões políticas internas do Brasil, incluindo o julgamento de Jair Bolsonaro e decisões do Supremo Tribunal Federal contra plataformas digitais americanas. A retaliação, portanto, é lida como um gesto de apoio ao ex-presidente brasileiro e um recado à Suprema Corte.

No mercado financeiro, os reflexos foram imediatos. O Ibovespa fechou em queda de 1,31% na quarta-feira, aos 137.480 pontos, e deve aprofundar as perdas nesta quinta-feira, sobretudo nos setores mais expostos ao comércio exterior. O dólar voltou a ultrapassar R$ 5,50, refletindo o aumento da aversão ao risco.

O EWZ, ETF que replica o Ibovespa na Bolsa de Nova York, caiu 1,92% no pregão da véspera, a US$ 28,16, e recuava mais 1,81% no pré-mercado, às 6h02 (horário de Brasília), cotado a US$ 27,65.

No radar hoje

Apesar da turbulência, o destaque da agenda local é o IPCA de junho, que será divulgado às 9h pelo IBGE. A expectativa do mercado é de desaceleração para 0,20% no mês, com impacto da redução das tarifas de energia e da queda nos preços de alimentos in natura. Ainda assim, o índice acumulado em 12 meses pode continuar acima do teto da meta de inflação, o que obrigaria o Banco Central a publicar uma carta explicativa à sociedade até sexta-feira.

O dado, que normalmente teria peso nas apostas para os juros, perde protagonismo diante do choque externo. A recente disparada do dólar e da curva de DI indica que o mercado vê menos espaço para cortes da Selic nos próximos meses. Além disso, o impasse em torno do IOF e a percepção de fragilidade fiscal contribuem para esse cenário de incerteza.

Na agenda política, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa às 10h de uma entrevista coletiva com mídias independentes. A expectativa é que ele aborde os efeitos econômicos da tarifa americana, além das negociações em curso no Congresso para resolver o impasse sobre o IOF e outras medidas fiscais.

Nos Estados Unidos, o foco segue sobre a política monetária. A ata da última reunião do Federal Reserve, divulgada na véspera, reforçou a percepção de que cortes de juros podem ocorrer ainda este ano. O documento revelou que apenas “alguns poucos” dirigentes consideram apropriado reduzir os juros já nas próximas reuniões, mas a maioria vê espaço para cortes se os choques inflacionários forem temporários.

Nesta quinta, os investidores acompanham os pedidos semanais de auxílio-desemprego, que saem às 9h30, e as falas de três dirigentes do Fed: Alberto Musalem (11h), Christopher Waller (14h15) e Mary Daly (15h30).

Mercados internacionais

Os mercados asiáticos fecharam majoritariamente em alta nesta quinta-feira, 10, com destaque para a Coreia do Sul, onde o Kospi avançou 1,58% após o Banco Central anunciar a manutenção da taxa básica de juros em 2,5%, o menor nível em quase três anos.

Na China, o índice de Xangai subiu 0,48% e o CSI 300 teve ganho de 0,47%, impulsionados por expectativas de novos estímulos ao setor industrial. Em Hong Kong, o Hang Seng subiu 0,57%, enquanto o S&P/ASX 200, da Austrália, teve alta de 0,59%. O único índice a fechar no negativo foi o japonês Nikkei 225, com queda de 0,44%.

Na Europa, os índices operavam em alta, sustentados pelo tom mais ameno nas negociações comerciais entre os Estados Unidos e a União Europeia. Por volta das 7h40 (horário de Brasília), o Stoxx 600 subia 0,54% e o CAC 40, da França, avançava 0,62%.

O FTSE 100, do Reino Unido, renovava máximas históricas, com alta de 1,06%, puxado pelas ações de mineradoras como Anglo American, Rio Tinto e Glencore, favorecidas pela valorização do cobre, que subia 2,5% nos contratos futuros em Nova York após a confirmação de tarifa de 50% por parte de Trump.

Nos Estados Unidos, os índices futuros operavam em leve baixa. Também às 7h40, o futuro do Dow Jones caía 0,17%, o do S&P 500 recuava 0,11% e o do Nasdaq 100 cedia 0,07%.

Acompanhe tudo sobre:InflaçãoIPCAMercadosIbovespaFed – Federal Reserve SystemAçõesTarifasDonald Trump

Mais de Invest

T-Mobile se desfaz de programa de diversidade para ter compra da US Cellular por US$ 4,4 bi aprovada

Acionistas da Walgreens aprovam venda para Sycamore Partners; negócio gira em torno de US$ 10 bi

Marfrig e BRF despencam na bolsa, com assembleia sobre fusão adiada pela 2ª vez

Rio Tinto planeja ampliar investimentos em cobre nos EUA diante de tarifas anunciadas por Trump