Invest

Tarifas de Trump podem não ser tão negativas para mercados asiáticos, diz Goldman Sachs

Para o banco, estabilidade nas políticas comerciais pode até reforçar o apetite por risco na região

Publicado em 11 de julho de 2025 às 09h23.

As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra países asiáticos podem acabar tendo um impacto menor do que o esperado nos mercados da região, segundo analistas do Goldman Sachs. Em relatório publicado na quinta-feira, 10, o banco avaliou que, embora os efeitos possam ser persistentes, as medidas também podem ajudar a restaurar a confiança dos investidores, desde que haja maior previsibilidade.

Segundo reportagem do Business Insider, os analistas avaliam que o impacto no crescimento “pode não ser tão negativo quanto os mercados temiam no início do segundo trimestre” e que os anúncios tarifários podem funcionar como um “evento de compensação de risco”, mesmo se as alíquotas forem superiores ao que se estimava.

Para o Goldman Sachs, o principal fator de estresse nos mercados tem sido a incerteza quanto ao nível e à direção das tarifas, mais do que as tarifas em si.

“O desempenho dos mercados foi afetado significativamente pela incerteza sobre o nível das tarifas que podem ser impostas e pelas mudanças frequentes nas perspectivas de política”, escreveram os analistas. Uma política comercial mais estável e previsível, acrescentam, pode inclusive melhorar o apetite por risco dos investidores.

Trump já notificou cerca de duas dezenas de países de que novas tarifas entrarão em vigor a partir de 1º de agosto, a menos que novos acordos comerciais sejam firmados. Ainda assim, o Goldman acredita que os efeitos das tarifas não serão uniformes. Mercados do norte da Ásia — como Taiwan, Coreia do Sul e Japão — devem ser os mais expostos, com maior parcela de receitas atreladas às exportações para os EUA.

Por outro lado, os mercados do sudeste asiático e setores voltados ao consumo interno, como serviços públicos, bancos, telecomunicações e imóveis, têm menor exposição e, portanto, podem ser menos afetados. “O impacto das tarifas não será distribuído de forma homogênea”, escreveram.

Apesar disso, os riscos negativos permanecem. A estimativa do banco é que os lucros na região possam cair cerca de 1% a cada aumento de 5 pontos percentuais nas tarifas. Segundo a análise, as previsões de lucro para um mercado específico podem ser impactadas pela exposição direta à receita nos EUA, pelo grau de repasse das tarifas e pela sensibilidade das empresas ao crescimento doméstico.

O relatório também aponta que fatores como juros mais baixos nos EUA e um dólar mais fraco podem mitigar parte dos danos. A política de afrouxamento monetário do Federal Reserve pode direcionar os investidores a ativos de maior retorno na Ásia, e a desvalorização do dólar tende a ajudar empresas da região que têm dívidas atreladas à moeda americana.

Após o anúncio inicial das tarifas por Trump no chamado “Dia da Libertação”, em abril, os mercados asiáticos reagiram com forte queda, mas se recuperaram nos dias seguintes. O índice Nikkei 225, do Japão, acumula alta de cerca de 1% no ano, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, sobe 25%, impulsionado por empresas de inteligência artificial da China.

Acompanhe tudo sobre:TarifasÁsiaEstados Unidos (EUA)Donald TrumpGoldman Sachs

Mais de Invest

O recado do CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, a líderes europeus: 'Vocês estão perdendo'

Are baba! Por que a Índia virou caminho para empresas que querem ter ações na bolsa

Me empresta o cartão? Um terço dos brasileiros faz dívida em nome dos outros, mostra pesquisa

Para gerar valor de mercado, Kraft Heinz estuda cisão da empresa