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'Trend das comprinhas': a arma secreta do TikTok para a Black Friday

Plataforma de vídeos curtos aposta na experiência de descoberta de novos produtos para impulsionar vendas no seu market place

TikTok: app quer dominar o e-commerce no Brasil  (Li Hongbo/VCG via Getty Images/Getty Images)

TikTok: app quer dominar o e-commerce no Brasil (Li Hongbo/VCG via Getty Images/Getty Images)

Publicado em 4 de novembro de 2025 às 13h29.

O TikTok Shop está se preparando para a batalha da Black Friday no e-commerce em 2025. Nesta terça-feira, 4, em evento que a EXAME participou, a empresa anunciou que adotará uma estratégia em três partes para conquistar o consumidor brasileiro. E a companhia pode ter em mãos uma arma secreta que vai além do seu 1 bilhão de usuários globais: o engajamento da plataforma, que combina entretenimento em vídeo com compras.

De acordo com dados do TikTok, 78% dos usuários afirmam ter comprado algo após ver no aplicativo, algo que pode funcionar como um trunfo da plataforma em tempos de forte concorrência, especialmente contra gigantes como Mercado Livre e Shopee.

A ideia, segundo a empresa, é usar a interação da plataforma para incentivar compras, com a experiência de descoberta de novos produtos sendo um dos principais atrativos.

"A plataforma já tem esse DNA, esse caráter de descoberta", diz Christian Baines, líder de comunicações B2B na América Latina do TikTok. "O TikTok Shop nada mais é do que um passo natural nesse DNA".

As estratégias

A primeira das estratégias, já conhecida do público, começa no dia 11 de novembro. A data, originária da China como o "Dia dos Solteiros", se espalhou pelo mundo como mais um dia de grandes descontos. Empresas como Shopee, AliExpress e Shein já marcaram o dia em seus calendários de promoções, em seu primeiro ano de operação no Brasil, o TikTok Shop não ficará de fora.

A segunda fase da estratégia será a Black Friday, que acontece no dia 28 de novembro. O TikTok Shop se prepara para a data oferecendo descontos de até 30%, com possibilidade de acréscimo cumulativo por marcas e criadores. A terceira parte vem logo em seguida, com a Cyber Monday, no dia 1º de dezembro, mantendo a mesma dinâmica de descontos.

Segundo a empresa, o objetivo durante a Black Friday e a Cyber Monday é transformar a experiência de compra no TikTok Shop, combinando entretenimento com compras reais. Além disso, o TikTok planeja utilizar as ferramentas da plataforma, como vídeos, lives e a aba de loja, para facilitar o processo de compra e maximizar o engajamento do público.

No resto do mundo, a ideia já deu certo. No ano passado, o TikTok triplicou suas vendas na comparação anual e faturou mais de US$ 100 milhões em apenas um dia com a Black Friday dos Estados Unidos. Também teve alta de 165% no número de compradores da Cyber Monday de 2024 em relação a 2023.

Uma briga boa

Mas a competição no Brasil é acirrada.

De acordo com um relatório do Itaú BBA de setembro, o TikTok Shop experimentou um crescimento forte desde sua estreia no Brasil em maio deste ano.

A plataforma viu seu volume bruto de mercadorias (GMV) crescer de US$ 1 milhão em maio para US$ 46,1 milhões em agosto, um aumento de 4.500%, segundo o banco. O crescimento coloca a plataforma como uma competidora de peso no mercado de e-commerce brasileiro, já representando cerca de 2% das vendas do Mercado Livre no país — uma porcentagem considerável para uma plataforma ainda em fase inicial.

No evento desta terça-feira, a empresa afirmou que, em comparação ao primeiro mês de venda, o TikTok Shop já cresceu 11 vezes. O número de criadores na plataforma aumentou 12 vezes, e a média do GMV cresceu 26 vezes. Valores não foram confirmados pela companhia.

Mas o TikTok Shop não está sozinho na onda de crescimento.

A Shopee, por sua vez, também continua a ascender, com taxas de expansão de 60% a 70% ao ano, enquanto a Amazon, apesar de uma presença consolidada no Brasil, também está ampliando seus investimentos em logística e no relacionamento com vendedores.

O Mercado Livre, líder do mercado, enfrenta o desafio de equilibrar a sua participação com a rentabilidade, especialmente devido aos altos investimentos que precisa continuar fazendo em logística, pagamentos e programas de fidelização. No terceiro trimestre, a gigante argentina registrou lucro líquido de US$ 421 milhões, alta de 6% na comparação anual, mas foi afetado diretamente pela política de frete grátis no Brasil.

Por aqui, a receita de US$ 4 bilhões representou um crescimento de 44% em relação ao ano anterior.

O frete grátis, implementado para compras a partir de R$ 19 desde o dia 6 de junho, pressiona a margem operacional do Mercado Livre, que já havia registrado desacelerado no trimestre anterior e diminuiu novamente, chegando a 9,8%, devido ao aumento dos investimentos necessários para expandir essa iniciativa no Brasil.

De acordo com a empresa, o investimento visa ampliar o mercado endereçável do Mercado Livre, preparar a plataforma para um crescimento futuro e fortalecer sua posição competitiva a longo prazo.

Segundo o relatório do Itaú BBA, cerca de 50% do volume de vendas do TikTok Shop no Brasil vem da aba ‘loja’ (marketplace), que já apresenta tráfego semelhante ao da plataforma argentina. Isso demonstra que a o app chinês não só oferece uma experiência de compra, como também cria uma comunidade em torno de produtos, algo que nem sempre ocorre em outras plataformas de compras tradicionais.

O relatório também destacou que, com o ritmo atual de crescimento, o TikTok Shop tem o potencial de se tornar um competidor ainda mais relevante nos próximos anos. "O cenário competitivo atual no Brasil é o mais difícil que já vimos", afirmou o Itaú BBA. Resta saber se, dessa vez, as dancinhas vão ser o suficiente para emplacar o TikTok na direção do sucesso.

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