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Publicado em 9 de julho de 2025 às 05h01.
Algumas expectativas de Wall Street podem se mostrar equivocadas e gerar grandes perdas para os investidores que apostam nelas. Segundo o HSBC Global Research, três "ações dolorosas" estão dando sinais de que não vão reagir como o mercado espera.
Estrategistas do banco levantaram que o tarifaço de Donald Trump e o projeto fiscal do Partido Republicano — One Big Beautiful Bill — podem não ser tão responsáveis por uma queda nas ações, na economia e no dólar americanos, segundo apuração do Business Insider.
“Muitas das visões para o segundo semestre tornaram-se bastante consensuais e amplamente compartilhadas. Portanto, alguns dos nossos indicadores de sentimento e posicionamento estão mostrando sinais crescentes de visões esticadas. Mas e se o terceiro trimestre acabar sendo o período em que essas visões amplamente difundidas se desfazem?”, escreveu o banco em um relatório enviado a clientes nesta segunda-feira, 07.
Muitos investidores acreditam que as ações americanas vão ter pior desempenho em comparação às internacionais este ano, preocupados com o impacto das tarifas sobre lucros e com avaliações elevadas do mercado nos EUA.
Porém, o HSBC aponta que os lucros podem não ser tão afetados quanto se teme, considerando que apenas 20% dos custos das empresas americanas vêm de importações. Além disso, grandes empresas dos EUA se beneficiam do dólar mais fraco, o que torna seus produtos mais competitivos no exterior.
O banco também destaca o ritmo recorde de recompra de ações pelas companhias americanas, o que ajuda a sustentar o mercado. Para o HSBC, fatores como desregulamentação, avanços em inteligência artificial e lucros elevados podem fazer as ações dos EUA continuarem liderando o desempenho global.
Embora muitos prevejam uma forte desaceleração econômica nos EUA no segundo semestre, o HSBC observa sinais de recuperação em indicadores recentes.
O índice de expectativas de crescimento do PIB, medido pela Bloomberg, subiu em junho. Além disso, também houve um leve aumento nos gastos dos consumidores, sugerindo que a confiança pode estar melhorando no país.
Para o HSBC, se a incerteza política e econômica diminuir e o desemprego permanecer baixo, há chance de a economia americana evitar a recessão, surpreendendo quem vem apostando na queda.
A maioria dos analistas também acredita que o dólar seguirá fraco, levando em conta as tensões geopolíticas e comerciais que seguem em alta. Nesta segunda-feira, Trump voltou a ameaçar a Coreia do Sul, Japão e países aliados ao BRICS com altas tarifas. O índice do dólar já caiu 10% em 2025.
Mesmo assim, o HSBC vê dois cenários que poderiam reverter essa fraqueza: um grande choque global que leve investidores de volta ao dólar como porto seguro ou a redução das incertezas políticas e estruturais nos EUA, o que pode reacender a confiança na economia americana.
Se isso ocorrer, o índice do dólar poderia subir até 102, o que significaria uma alta de 5% em relação ao nível atual.