US President Donald Trump listens to questions from reporters aboard Air Force One over the United Kingdom on July 29, 2025, as he returns to Washington following a trip to Scotland. (Photo by Brendan Smialowski / AFP) (Brendan Smialowski / AFP)
Redatora
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 11h11.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou na terça-feira, 12, o efeito das tarifas sobre a inflação e afirmou que consumidores “não estão pagando” pelos aumentos, atribuindo o custo principalmente a empresas e governos estrangeiros.
A declaração contrasta com projeções de economistas de grandes bancos de Wall Street, que alertam para um impacto cada vez mais forte sobre os preços ao consumidor nos próximos meses.
Relatório do Goldman Sachs estima que consumidores americanos já absorveram 22% dos custos das tarifas até junho e que essa fatia pode chegar a 67% até o fim do ano, se as medidas mais recentes seguirem o padrão das anteriores.
“Se as tarifas mais recentes seguirem o mesmo padrão, estimamos que, até o outono [no Hemisfério Norte], os consumidores assumam cerca de dois terços do custo”, disse à CNBC o economista do banco David Mericle.
Outros analistas compartilham dessa visão. Brian Rose, economista sênior do UBS, disse que a tendência de queda da inflação “foi quebrada” com o repasse dos custos das tarifas ao varejo.
Michael Feroli, economista-chefe do JPMorgan, calcula que os aumentos podem adicionar entre 1 e 1,5 ponto percentual à inflação, parte já incorporada.
Economistas projetam que o núcleo da inflação pode atingir de 3% a 3,5% até dezembro, com altas mensais na faixa de 0,3% a 0,5%.
O JPMorgan estima que o PIB dos EUA pode ter redução de até 1 ponto percentual, já que dois terços da economia vêm do consumo.
Apesar disso, a maioria dos analistas acredita que o Federal Reserve seguirá com o plano de iniciar cortes de juros ainda em 2025, amparado pela expectativa de que o impacto inflacionário seja temporário e pelo enfraquecimento do mercado de trabalho.
As declarações de Trump foram publicadas na rede Truth Social, com críticas ao CEO do Goldman Sachs, David Solomon, a quem sugeriu “contratar um novo economista” ou “focar apenas em ser DJ”, em referência à sua atuação paralela na música.
O Goldman preferiu não comentar, mas reiterou suas projeções de inflação. O episódio se soma a outros atritos recentes de Trump com executivos de grandes empresas, em meio a tensões sobre preços, comércio e políticas econômicas.