Invest

Vale paralisa metade da sua produção de cobre; entenda o impacto na ação

A Vale informou que interrompeu as operações de Salobo, no Pará, após incêndio atingir a mina; a previsão é que a produção fique suspensa até o fim de outubro

A mina de Salobo, da Vale, está localizada em Marabá, sudeste paraense | Foto: Vale/Divulgação (Vale/Divulgação)

A mina de Salobo, da Vale, está localizada em Marabá, sudeste paraense | Foto: Vale/Divulgação (Vale/Divulgação)

PB

Paula Barra

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 21h01.

Última atualização em 5 de outubro de 2021 às 21h53.

Dias difíceis para a Vale (VALE3). Depois de informar ontem a interrupção da produção de níquel na mina Onça Puma por suspensão de licença, a companhia enfrenta outra paralisação, agora envolvendo as operações de cobre.

A companhia comunicou na noite desta terça-feira, 5, que suspendeu sua produção de cobre em Salobo, no município de Marabá, no Pará, após um incêndio atingir parcialmente a correia transportadora na mina.

Segundo a empresa, o incêndio já foi contido pelas equipes de emergência sem deixar vítimas ou danos ambientais.

Com uma produção de 172,7 mil toneladas em 2020, a mina do Salobo é responsável por metade do cobre produzido pela companhia.

Segundo os analistas do Credit Suisse, a notícia é negativa para a empresa, uma vez que cada mês de operação paralisada corresponde a uma perda de produção de cobre de 14,4 mil toneladas para a mineradora.

A previsão da Vale, com base em avaliações preliminares, é que a produção seja retomada até o fim de outubro. As demais atividades, incluindo operações de mina e manutenção, prosseguem normalmente.

Em derrocada

Soma-se às últimas notícias, um outro vetor de preocupação que tem agitado os papéis da companhia, a forte desvalorização do minério de ferro.

No fim de julho, a commodity era negociada em 200 dólares a tonelada. Hoje, é cotada em 116 dólares, uma queda de 42%, em meio às incertezas sobre a demanda da China, a maior consumidora mundial de minério, pelo produto.

Além de dados da economia chinesa mais fracos entre os meses de julho e agosto, a falta de visibilidade sobre os cortes na produção de aço – que tem o minério como principal insumo – pelo governo chinês deixa o mercado cauteloso.

Na esteira, a Vale viu suas ações afundarem 24% no mesmo período, contra um recuo de 9% do Ibovespa.

As perspectivas mais nebulosas para a commodity têm levado analistas e gestores a reverem suas teses em Vale.

Em carta aos cotistas referente ao mês de setembro, a Ibiuna Investimentos comentou que vendeu o saldo das ações da companhia que tinha na carteira. Na visão da gestora, o setor de materiais (distorcido pela Vale) parece estar "artificialmente barato", dado que as expectativas do mercado ainda embutem preços do minério de ferro "exageradamente altos", disse a casa no documento.

Grandes bancos também têm abandonado recomendações equivalentes à compra para o papel. No dia 22 de setembro, o Bank of America cortou sua recomendação para os American Depositary Receipts (ADRs) da companhia, de compra para neutra, assim como o preço-alvo, de foi de 27 dólares para 20 dólares.

O banco revisou para baixo ainda, em cerca de 45%, sua projeção para o minério para 2022. A expectativa passou de 165 dólares para 91 dólares a tonelada.

Na metade do mês passado, foi a vez do UBS promover um "duplo corte" em sua recomendação para os ADRs da Vale, indo de compra para venda. O preço-alvo foi reduzido de 22 dólares para 15 dólares.

Acompanhe tudo sobre:AçõesCobreCommoditiesMinério de ferroValeVALE3

Mais de Invest

Dólar fecha em alta, a R$ 5,56, com mais temores sobre tarifas de Trump

Presidente de investimentos da Vanguard alerta: 'Saia das ações americanas'

CEO da LVMH, dona da Louis Vuitton, negocia com Trump para proteger marcas de luxo

Volkswagen corta projeções após tarifas dos EUA derrubarem lucro no 2º tri