WEG: expansão das margens, impulsionada por um mix de produtos mais favorável, pode ser o ponto positivo do trimestre (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de mercados
Publicado em 22 de julho de 2025 às 10h36.
Última atualização em 22 de julho de 2025 às 13h22.
A WEG (WEGE3) enfrenta expectativas de desaceleração no crescimento de sua receita no segundo trimestre de 2025, especialmente no segmento de equipamentos eletroeletrônicos industriais (EEI). Embora o real tenha se valorizado 3% frente ao dólar no período, afetando negativamente as receitas da companhia, analistas do Itaú BBA projetam uma receita líquida de R$10,9 bilhões, com crescimento de 18% em relação ao ano passado, contra um patamar de 25% no primeiro trimestre.
Analistas apontam que a expansão das margens, impulsionada por um mix de produtos mais favorável, pode ser o ponto positivo do trimestre. No último resultado, a pressão nas margens foi o principal fator a decepcionar o mercado.
A previsão é do banco é de uma receita líquida de R$10,9 bilhões, com crescimento de 18% na comparação anual. Apesar da desaceleração nas vendas, o Itaú BBA e o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) mantêm recomendação de compra para as ações da WEG, com preço-alvo de R$65 e R$56, respectivamente.
O desempenho do segundo trimestre da ABB, concorrente da WEG, pode servir como um indicador positivo para a empresa brasileira. A ABB reportou resultados robustos na quinta-feira, 17 de julho de 2025, e a reação do mercado foi positiva. As ações da WEG subiram 2% no mesmo dia.
O segmento Motion da ABB, considerado o mais próximo do negócio de motores da WEG, apresentou 5% de crescimento nos pedidos e 6% de expansão na receita, além de margens estáveis.
Os analistas do BTG destacaram os números saudáveis tanto na entrada de pedidos marginais (que subiu 14% na comparação ano a ano) quanto nos resultados financeiros, com uma boa expansão da receita e margens.
No segmento de eletrificação, os pedidos comparáveis aumentaram 9% na comparação anual no segundo trimestre Os analistas da XP destacam que segmento viu novos pedidos e receitas recordes, com um crescimento de 11% em comparação com o mesmo período do ano anterior na receita e a margem EBITA expandindo +0,7 p.p. para 23,9%, sustentada por ganhos de alavancagem operacional.
“Embora reiteremos nossa classificação Neutra devido à desaceleração no crescimento de lucros, o que limita uma reavaliação significativa da valorização, recebemos positivamente a indicação da ABB sobre um melhor cenário de demanda nos Estados Unidos (o segundo mercado final mais relevante para a WEG)”, afirmaram os analistas da corretora em relatório.
Apesar da expectativa positiva para o segmento de EEI, as ações da WEG continuam a desvalorizar no ano, com uma queda de 22%, enquanto o Ibovespa avançou 13%. O JPMorgan afirma que os resultados do segundo trimestre não devem ser catalisadores de um movimento mais positivo para as ações, mas acreditamos que, no valuation atual, a empresa já está precificando o pior dos cenários. Por isso, acreditam numa recuperação no médio prazo.
O Itaú BBA também continua confiante em uma recuperação do crescimento de lucros da WEG a longo prazo, o que sustenta uma visão positiva para o futuro. Projeções para 2026 indicam um múltiplo de 22 vezes preço por ação para a companhia.
O risco relacionado às tarifas de importação dos EUA é um dos principais pontos de atenção. A WEG, que fabrica motores no Brasil, pode enfrentar dificuldades em um cenário de tarifas mais altas, especialmente porque a ABB tem maior conteúdo local nos EUA, o que a coloca em uma posição mais favorável. A pressão nas margens, com o aumento dos custos de matérias-primas e a possibilidade de desaceleração global, também são fatores que podem impactar os resultados da WEG nos próximos anos.
De acordo com o relatório do JPMorgan, os riscos incluem um crescimento abaixo das expectativas tanto no mercado doméstico quanto internacional, além da pressão das tarifas comerciais nos EUA e um possível aumento nos impostos. Nas contas do banco, as tarifas de 50% que os Estados Unidos podem impor sobre as importações do Brasil teriam potencial de reduzir a receita e o EBITDA da companhia em 6%.
Com base na taxa de câmbio de R$ 5,66 (contra R$ 5,84 no primeiro trimestre), o BTG projeta uma receita líquida de R$10,9 bilhões, um crescimento de 18% na comparação anual, distribuída da seguinte forma:
A EBITDA deve ficar em R$2,39 bilhões, implicando uma margem de 21,8%, com uma melhora de 0,3 ponto percentual em relação ao primeiro trimestre.
A companhia deve reportar um lucro líquido de R$1,7 bilhão, um aumento de 10% na comparação trimestral, principalmente suportado pela expansão das margens. “Não esperamos que a decepção com as margens do primeiro trimestre se repita, embora acreditemos que os investidores devem discutir o ritmo de crescimento da receita”, avaliam os analistas Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim.
Já os analistas do J.P. Morgan esperam que a WEG mostre uma desaceleração sequencial no crescimento da receita, com uma previsão de +19% em relação ao ano passado, contra +25% no 1T25. Nas estimativas do banco, a margem EBITDA deve se manter estável frente ao trimestre anterior, em 21,7%, o que é ligeiramente inferior às margens de 22,9% do ano passado.
A WEG divulgará seus resultados do segundo trimestre na quarta-feira, 23 de julho de 2025, antes da abertura do mercado. No dia seguinte, às 11h, a empresa realizará uma teleconferência para apresentação dos resultados.