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XP rebaixa recomendação de WEG (WEGE3) para neutra e vê potencial limitado de valorização

Cenário macro desafiador e capacidade produtiva limitada devem frear ganhos de curto prazo, apesar da resiliência da empresa

A XP projeta um lucro da WEG de R$ 7,4 bilhões para 2026, valor 11% abaixo do consenso de mercado (Leandro Fonseca/Exame)

A XP projeta um lucro da WEG de R$ 7,4 bilhões para 2026, valor 11% abaixo do consenso de mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 16 de junho de 2025 às 12h05.

Última atualização em 16 de junho de 2025 às 17h00.

A XP Investimentos rebaixou a recomendação das ações da WEG (WEGE3) de “compra” para “neutra”, reduzindo o preço-alvo dos papéis de R$ 62 para R$ 46. A decisão reflete preocupações com a desaceleração do crescimento da receita da companhia e múltiplos considerados elevados. No último fechamento os papéis eram negociados a R$ 42,39.

Mesmo reconhecendo a resiliência do modelo de negócios da WEG, os analistas da corretora afirmam que o valuation atual — cerca de 24 vezes o lucro estimado para 2026 — já precifica boa parte do potencial de valorização, deixando pouca assimetria atrativa para o investidor.

A XP projeta um lucro de R$ 7,4 bilhões para 2026, valor 11% abaixo do consenso de mercado. Com esse nível de resultado, o potencial de alta das ações seria de apenas 9%, o que justifica a recomendação mais cautelosa.

Num dia bastante positivo para o Ibovespa, que sobe 1,61%, as ações da WEG tem desempenho mais moderado, com alta de 0,44%.

Ambiente macro pesa sobre produtos cíclicos

Segundo os analistas Lucas Laghi, Fernanda Urbano e Guilherme Nippes, o cenário macroeconômico incerto, com pressões sobre os preços de commodities e menor apetite de investimento industrial, afeta diretamente os produtos mais cíclicos da companhia.

Apesar da boa performance de Transmissão & Distribuição (T&D), a capacidade produtiva limitada entre 2025 e 2026 deve restringir os ganhos no curto prazo, com expectativa de melhora só a partir de 2027.

A corretora acredita que um eventual ciclo de corte de juros entre 2026 e 2027, aliado à valorização do real, favorece companhias mais expostas ao mercado doméstico. Nesse contexto, a WEG – mais exposta ao cenário internacional – tende a ter desempenho inferior a outros nomes do setor de bens de capital.

Embora o crescimento orgânico tenha sido o principal motor da empresa, o câmbio e o ambiente macro adverso devem limitar a expansão no curto prazo.

Histórico positivo gera benefício da dúvida

A XP destaca que o histórico consistente da WEG em superar as expectativas do mercado confere à companhia o benefício da dúvida, mesmo após dois trimestres de resultados abaixo do esperado – o que justifica a recomendação neutra e não de venda.

Ainda assim, os analistas seguem vendo as ações como um bom componente de portfólio, com perfil resiliente e função de hedge contra riscos domésticos.

Entre os riscos positivos para a tese de investimento, a XP menciona possíveis avenidas de crescimento ligadas a megatendências seculares, um mercado adjacente amplo e a capacidade da WEG de alocar capital de forma eficiente, sendo uma das poucas companhias brasileiras em que o mercado enxerga com bons olhos investimentos no negócio em vez da distribuição de dividendos.

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