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Com aumento do IOF, vai ficar mais caro viajar para o exterior?

Férias internacionais vão pesar mais no bolso do brasileiro a partir de hoje; a alíquota unificada passa a ser de 3,5% para todas as operações de câmbio

uma alíquota unificada de 3,5% para todas as operações de câmbio (Iryna_Rasko/Thinkstock)

uma alíquota unificada de 3,5% para todas as operações de câmbio (Iryna_Rasko/Thinkstock)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 23 de maio de 2025 às 12h02.

Última atualização em 23 de maio de 2025 às 15h16.

As novas regras do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) entram em vigor nesta sexta-feira, 23, e devem impactar diretamente o bolso de quem planeja viagens internacionais.

Anunciada pelo governo federal em 22 de maio de 2025, a medida estabelece uma alíquota unificada de 3,5% para todas as operações de câmbio realizadas a partir do Brasil. A mudança atinge desde compras com cartões internacionais até a aquisição de moeda estrangeira em espécie, o que deve encarecer os custos das férias fora do país.

Além da cotação do dólar, que nesta manhã está cotado a R$5,70, ou euro, que está cotado a R$6,46, o brasileiro agora precisa incluir o novo IOF no planejamento da próxima viagem.

Confira como era antes:

Formas de pagamentoAntes
Cartões de crédito e débito internacionais3,38%
Cartões pré-pagos internacionais3,38%
Cheques de viagem3,38%
Remessas para contas no exterior1,10%
Compra de moeda estrangeira em espécie1,10%

As mudanças fazem parte de uma agenda do governo, anunciada hoje para alinhar a política fiscal, com foco no equilíbrio das contas públicas. O governo estima que os ajustes no IOF, considerando também as mudanças previstas para empresas, resultem em R$ 20,5 bilhões em arrecadação adicional em 2025, e R$ 41 bilhões em 2026. O objetivo é unificar alíquotas, evitando distorções de remessas de mesma natureza.

Para a proprietária da casa de câmbio Moema Exchange, Adriana Freitas, a procura por dinheiro em espécie deve ter queda de pelo menos 50%: "Para você ter uma ideia, ontem estávamos vendendo o dólar turismo, a R$5,94, hoje já está em torno de R$6,07 com o aumento do IOF. Os clientes têm optado mais pelos cartões pré-pagos, o mercado de papel moeda vai piorar."

Cartões globais

Para compras feitas com cartões de crédito e débito internacionais, cartões pré-pagos e cheques de viagem, o aumento no imposto será pequeno, de 3,38% para 3,50%.

Mas para a compra de câmbio em espécie e para alternativas como cartões globais -- oferecidos por empresas como Wise, Nomad e Revolut -- o incremento foi expressivo, de 1,1% para 3,5%.

Nesses cartões globais, que se popularizaram muito nos últimos anos, uma das principais vantagens era a menor cobrança de IOF. Para usá-los, os brasileiros fazem remessas de recursos para contas no exterior, que agora estão sujeitos à maior taxação.

Investir no exterior pode ficar três vezes mais caro com aumento do IOF

No material em que justifica os aumentos de IOF, o governo fala que a intenção é dar isonomia e evitar "tratamentos distintos em operações da mesma natureza".

Na prática, usar cartão de crédito, cartões globais ou câmbio em espécie passa a ser a mesma taxação -- o que tende a favorecer os meios de pagamento com menor fricção, ou seja, aqueles já mais utilizados dentro do Brasil, como o crédito e débito.

Em comunicado, a Wise, empresa de tecnologia financeira global, disse: "Como corretora de câmbio licenciada, atualizamos nossas tarifas para refletir essa mudança. Não há alterações em nossos serviços. Todos os clientes no Brasil podem continuar enviando dinheiro para o exterior usando a Wise normalmente".

Na visão da Nomad, o aumento do IOF ressalta a importância dos brasileiros de ter parte de seus patrimônios no exterior, investindo em ativos internacionais e moeda forte.

"Investir no exterior não é torcer contra o Brasil, e sim uma forma de diversificar para se proteger e preparar para possíveis cenários desafiadores", disse a empresa em nota oficial.

O que é IOF?

O IOF é a sigla para “Imposto sobre Operações Financeiras”, que também pode ser chamado de “Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários”.

O IOF está presente em operações associadas a câmbio, títulos mobiliários, crédito e seguros, embora nem sempre ele seja necessariamente cobrado. É um tributo federal, e assim, implica sobre pessoas físicas e jurídicas.

O governo possui duas vantagens na cobrança do IOF no Brasil. Uma delas é justamente aumentar sua receita, assim como acontece com qualquer imposto que incide sobre produtos e serviços no Brasil.

Além disso, as informações do volume de pagamentos do IOF também auxiliam o governo a entender a dimensão da demanda de crédito que o país possui naquele momento, impactando nas decisões econômicas que podem ser adotadas pela política brasileira.

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