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ETF de Ibovespa ou ação por ação: como surfar nos recordes da bolsa

Ibovespa renovou recorde de fechamento por 13 pregões seguidos e sobe 28% no ano

Ibovespa: escolha depende da disponibilidade do investidor para acompanhar desempenho de ativos (Germano Lüders/Exame)

Ibovespa: escolha depende da disponibilidade do investidor para acompanhar desempenho de ativos (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 10 de novembro de 2025 às 12h17.

Por 13 pregões seguidos, o Ibovespa renovou seu recorde de fechamento. No ano, soma 25 máximas e sobe 28%. Nesta segunda-feira, 3, o principal índice acionário da B3 alcançou seu recorde intraday, ultrapassando pela primeira vez a marca dos 155 mil pontos. No meio do rali, fica a dúvida se vale a pena entrar na bolsa agora ou não — e, se sim, qual é o ideal: ETF do Ibovespa ou ação por ação?

O ETF do Ibovespa é um fundo de índice negociado na Bolsa (como BOVA11, BOVV11, IBOB11 no Brasil e EWZ no exterior), que busca replicar o desempenho do próprio índice e, logo, o das ações de todas as empresas que estão na carteira. Cada cota equivale a uma fração da carteira teórica do índice, explica Enrico Cozzolino sócio e head de análises da Levante Investimentos.

“O gestor mantém a composição do fundo alinhada ao índice, com pequenas variações devido a custos e rebalanceamentos. O investidor pode comprar/vender cotas em pregão como em uma ação”, diz. As vantagens são a diversificação instantânea, baixo custo de administração, simplicidade operacional, liquidez e acompanhamento fiel ao desempenho médio do mercado.

Se é melhor investir numa cota de ETF ou comprar ações do Ibovespa em separado, isso vai depender do perfil do investidor e o que ele está buscando. Para quem quer uma gestão passiva, que apenas replica o desempenho de um índice, o ETF pode ser uma boa opção.

“No contexto de rali, para o investidor que não tem tempo ou disposição para analisar empresas individualmente, escolher o ETF pode ser uma forma eficiente de ‘surfar o mercado’ sem compromisso de gestão ativa”, explica Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital.

Já para quem quer desvincular o retorno da performance da bolsa, ação por ação pode ser uma escolha.

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Cozzolino prefere as ações individuais. “Se a bolsa cair, o ETF vai cair. Ao passo que se você compra ação por ação, isso não necessariamente vai acontecer. Essa seleção entre setores e peso de carteira é o que vale e, na minha opinião, acaba fazendo a diferença para o investidor não ficar a mercê de ganhar dinheiro só se o mercado subir.”

Belitardo também faz suas ressalvas. Segundo ele, se o mercado já estiver com valuation esticado ou se o índice estiver concentrado em poucos nomes, o retorno futuro pode ser menor ou mais volátil. Além disso, se o investidor acredita que existem setores ou empresas específicas com potencial muito acima da média, o ETF dilui esse efeito.

Matheus Amaral, especialista de renda variável do Inter, concorda com a visão. Para quem não quer se preocupar em ler notícias de jornal e estar antenado a todo momento, pode apostar no ETF de Ibovespa. "Mas se o investidor quer ter ganhos acima dos observados nos índices de mercado, o stock picking (ação por ação) é uma opção", diz.

Mais tempo, mas mais potencial de retorno

Comprar ação por ação exige mais tempo, mais acompanhamento e disposição para avaliar balanço, cenário competitivo e governança. “Se você estiver disposto a isso (ou contar com apoio profissional), pode haver oportunidades de superar o mercado, selecionando ações ou setores com perfil ‘vencedor’ no rali”, destaca o gestor da Hike.

Para ele, os setores que parecem ter fundamentos mais sólidos são farmácias/distribuição de medicamentos, educação, concessão de rodovias/ferrovias, aluguel de veículos e transporte de cargas.

Ele lista as vantagens desses setores:

  • Farmácias e distribuição de medicamentos: cenário demográfico favorável, recorrência, proteção razoável contra ciclos econômicos maus.
  • Educação: se houver melhoria no emprego, renda e crédito estudantil, esse setor se beneficia.
  • Concessões de rodovias/ferrovias: em ambiente de infraestrutura, tarifas e pavimentação podem crescer, e esses negócios tendem a ter contratos de longo prazo, mais previsibilidade.
  • Aluguel de veículos/transporte de cargas: se o consumo doméstico e o comércio internacional crescer, a demanda por transporte/logística tende a se beneficiar, e no Brasil a diferença de eficiência ainda é grande, o que dá “up-side”.

No entanto, a escolha de empresas específicas dentro desses setores vai depender da qualidade (gestão, dívida, Capex).

“Ressalto que se o investidor optar por esse caminho, precisa de acompanhamento ou apoio profissional, porque o risco é maior (problemas setoriais, macro adverso, regulação)”, conclui Belitardo.

De todo modo, a bolsa se torna um ativo vantajoso na carteira, ainda mais por estar barata, nos atuais 8,5x P/L (preço sobre lucro), o que representa um potencial de valorização. Diferente de outros mercados que já tiverem altas mais pujantes, como o caso das bolsas chilena, peruana, sul-coreana, sul-africana e de Hong Kong.

"Claro que esse valuation mais baixo traz riscos embutidos ao país, principalmente a questão fiscal. Portanto, caso continuemos a ter esse risco na mesa, seja ano que vem ou pós-eleições, independente do candidato, a bolsa poderá ter algum ajuste, seja via lucros das empresas ou via preço. Tudo vai depender da resiliência das empresas, que têm feito seu trabalho e do cenário que elas enfrentarão pós-eleições", afirma Amaral.

O especialista também enfatiza sobre setores defensivos, como serviços básicos, que costumam ser mais resilientes diante de cenários mais conturbados. "Mas vale para o investidor também diversificar a carteira e não deixar de ter os demais setores em menor proporção."

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