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Inteligência artificial pode guiar seus investimentos? Ainda não, mas já ajuda — e muito

Economista detalha como a IA vem transformando o dia a dia de analistas, gestores e investidores, mas ainda exige cuidado com erros e limites regulatórios

Inteligência Artificial: como aplicar no mercado financeiro? (Freepik/Divulgação)

Inteligência Artificial: como aplicar no mercado financeiro? (Freepik/Divulgação)

Publicado em 23 de julho de 2025 às 16h50.

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Nos últimos meses, a presença da inteligência artificial no mercado financeiro deixou de ser um tema exclusivo de especialistas em tecnologia e passou a fazer parte das conversas de analistas, gestores e investidores. 

Em um cenário cada vez mais volátil e movido a dados, usar IA para acelerar análises, interpretar movimentos do mercado e produzir relatórios em minutos virou uma vantagem competitiva.

Para entender a presença da inteligência artificial no mercado financeiro, a EXAME ouviu Sérgio Santos, economista e professor da Saint Paul Escola de Negócios

O que é, afinal, inteligência artificial?

A IA é um sistema computacional que simula a inteligência humana por meio modelos de Processamento de Linguagem Natural (NLP). Em vez de entregar links como um buscador, ela constrói textos prontos com uma base de dados probabilística que está sempre aumentando. 

“É uma excelente ferramenta para pesquisa. Otimiza tempo e esforço. A curva de aprendizado se acelera. Pesquisas que durariam semanas são feitas em minutos”, argumenta Santos. 

Como a IA já está sendo usada no setor financeiro

Apesar de ainda não haver soluções padronizadas, o uso da IA está se disseminando rapidamente. “As pessoas ainda estão descobrindo como usar a ferramenta, como foi com a internet no começo”, diz o professor.

Veja o que ela já pode fazer:

  • Analisar dados históricos: detecta padrões e tendências em grandes volumes de informação.
  • Avaliar o perfil de risco do investidor: com base em dados comportamentais e questionários, segmenta perfis para personalização de produtos.
  • Sugerir alocação de ativos: com base no perfil e nas condições de mercado, propõe distribuições entre as possibilidades de investimentos, como renda fixa, ações, fundos. 
  • Gerar relatórios e gráficos automaticamente: “você pode programar a IA para entregar relatórios diários. Em vez de procurar em vários jornais, ela já te dá um resumo com gráfico”, diz Santos.
  • Fazer análise de sentimento: a IA interpreta o “humor” do mercado a partir de textos em redes sociais, portais de notícias, relatórios e até falas de influenciadores. “É possível avaliar o humor geral do mercado em relação a um setor ou ativo”, afirma.

Mas a IA pode recomendar investimentos?

Segundo o economista, ainda não. “A IA não lhe fornecerá recomendações de investimento não porque ela não seja capaz, mas por não estar de acordo com a regulação”, afirma o professor. “Ou seja, recomendação de investimento é uma atividade regulada, exigida por profissionais certificados pela CVM”.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão público responsável por fiscalizar o mercado de valores mobiliários do Brasil e defender os interesses do investidor. 

O papel da IA, por enquanto, é apoiar decisões — não tomar decisões por você. 

Isso inclui ajudar a entender o perfil do investidor, analisar grandes volumes de dados e notícias, gerar relatórios sob demanda e interpretar o sentimento do mercado. 

Limites e dilemas da inteligência artificial

Apesar das vantagens, a IA ainda apresenta desafios. Um dos principais é a confiabilidade da informação. “Eu fiz uma pergunta e ele me respondeu como se estivéssemos ainda em dezembro de 2024. Mas era julho de 2025”, alerta Santos. Por isso, o professor reforça a necessidade da checagem. 

Outro ponto de atenção é a interpretação de linguagem informal. A IA ainda tem dificuldade em captar sarcasmo ou ironia — comuns em redes sociais e fóruns financeiros —, o que pode distorcer análises de sentimento.

Para o economista, “a máquina, por mais capaz que seja, ainda é uma máquina e é incapaz de entender a ironia humana”

IA como ferramenta – e não como oráculo

Ela deve complementar e não substituir o julgamento humano, especialmente para grandes decisões financeiras”, afirma Santos. 

Segundo ele, esse é só o começo de um novo ciclo, como aconteceu durante o começo da internet nas décadas anteriores. “As pessoas vão se acostumar. E em pouco tempo, vai virar hábito no nosso dia a dia, inclusive no mercado financeiro”.

Pensando nisso, a Saint Paul Escola de Negócios oferece o curso de educação executiva Formação para o Mercado Financeiro: Operador/Banker

A formação é voltada a jovens em início de carreira, estagiários, trainees e recém-formados, mas também é indicada para profissionais do mercado que desejam atualizar suas habilidades. 

  • Desenhado para um público com conhecimentos básicos em contabilidade e mercado financeiro
  • Carga horária de 66h: aulas 100% online e ao vivo 
  • Aulas começam em 5 de novembro e oferecem certificado 

 

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