Stablecoins: alternativa digital ganha tração com alta do IOF e agilidade nas remessas internacionais (Dennis Fischer Photography/Getty Images)
EXAME Solutions
Publicado em 29 de maio de 2025 às 15h00.
Última atualização em 29 de maio de 2025 às 15h01.
O aumento recente do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) está provocando um efeito colateral importante: a adoção acelerada de stablecoins, também chamadas de dólar digital, por empresas e pessoas físicas que buscam reduzir custos em transações internacionais e proteger seu patrimônio contra a volatilidade do real.
Segundo dados do Bitybank, maior banco de criptomoedas do Brasil, o volume de negociações com os dólares digitais USDT e USDC na empresa cresceu mais de 160% no primeiro trimestre de 2025 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esse movimento é impulsionado por fatores como a facilidade de conversão para moedas fortes, como dólar e euro, e a agilidade nas transferências internacionais.
Com as novas alíquotas do IOF definidas pelo governo, o uso das stablecoins ganha ainda mais força. Isso porque, além da agilidade e facilidade, esses ativos digitais oferecem custos significativamente menores — já que o IOF não se aplica diretamente às transações com criptomoedas.
Enquanto bancos tradicionais levam até dois dias úteis para concluir uma remessa internacional, as stablecoins permitem que o mesmo processo seja feito em minutos — mesmo durante fins de semana ou madrugadas.
A economia é real: empresas evitam custos com estocagem de produtos, juros de empréstimos e multas por atrasos em pagamentos. Com a nova alíquota de 3,5% de IOF, negócios que ainda não aderiram à tecnologia têm agora um incentivo concreto — podendo reduzir em até dez vezes o impacto do imposto sobre seus custos operacionais.
Não são apenas empresas que estão migrando para o dólar digital. O impacto do IOF também atinge viagens internacionais, cursos no exterior, serviços de streaming e remessas familiares. Tudo ficou mais caro.
“Esse aumento do IOF irá impactar diretamente o pequeno e médio empreendedor, freelancers, turistas e qualquer cidadão que precise pagar ou receber do exterior. Este movimento do governo empurra para a adoção de alternativas, como stablecoins, que acabam se tornando cada vez mais atrativas pela sua eficiência e baixo custo”, alerta Ney Pimenta, do Bitybank.
Ton Marques, líder de produtos da instituição, destaca que a demanda crescente fez o banco acelerar o lançamento de soluções focadas nesse público: “Temos desde um cartão de crédito que permite pagamentos com dólar digital até um sistema que compara preços de USDT e USDC em dezenas de provedores, garantindo a melhor oferta mesmo para grandes volumes”.
O avanço das stablecoins é tão significativo que até instituições financeiras tradicionais já se movimentam. “O grande ganho que imaginamos com a stablecoin é operacional. Ela traz uma eficiência maior e esperamos um custo melhor para todo mundo”, declarou Roberto Medeiros, diretor da área de câmbio do Bradesco, em entrevista ao Valor Econômico.
Bárbara Rocha, diretora de marketing do Bitybank, conclui: “Os criptoativos deixaram de ser apenas uma alternativa de investimento para se tornarem uma ferramenta real de proteção patrimonial e liberdade financeira. Oferecer soluções simples, seguras e acessíveis para o dia a dia das pessoas é o que nos move a trazer a criptoeconomia para a realidade dos brasileiros”.