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Petrobras: vale a pena comprar ações só para receber dividendos?

Petroleira irá pagar R$ 0,94 por ação. Especialistas divergem sobre o assunto

Petrobras (PETR4): petroleira anunciou que irá distribuir dividendos (Petrobras/Divulgação)

Petrobras (PETR4): petroleira anunciou que irá distribuir dividendos (Petrobras/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 7 de novembro de 2025 às 15h13.

Última atualização em 7 de novembro de 2025 às 15h18.

A Petrobras (PETR4) aprovou o pagamento de R$ 12,16 bilhões em dividendos, equivalentes a R$ 0,94 por ação, que serão distribuídos em duas parcelas, nos dias 20 de fevereiro e 20 de março de 2026, para investidores com posição até 22 de dezembro de 2025. E aqui surge a dúvida: vale a pena comprar as ações só para receber os proventos?

Muitos investidores acreditam que receber dividendos significa ganhar um dinheiro extra. Na prática, porém, o valor do provento já está embutido no preço da ação antes do pagamento.

Quando chega a data em que o papel passa a ser negociado sem direito aos dividendos (data ex), a cotação é ajustada para baixo, descontando o valor que será distribuído aos acionistas. Ou seja, o investidor não fica mais rico — ele apenas troca parte do que estava dentro da ação por dinheiro no bolso, na hora.

Imagine, por exemplo, que a ação da Petrobras esteja sendo negociada a R$ 30 e a empresa anuncia um dividendo de R$ 3 por ação. No pregão seguinte ao corte, o preço deve cair para algo próximo de R$ 27. Na prática, o investidor mantém o mesmo patrimônio: antes, tinha R$ 30 em ação; depois, passa a ter R$ 27 em ação + R$ 3 em dividendos.

“Portanto, comprar uma ação pelo único motivo de receber um dividendo não faz sentido algum”, comenta Arthur Falcão, banker da Guardian Capital.

“O que realmente importa é o conjunto: a qualidade da empresa, sustentabilidade dos lucros e consistência da política de dividendos. Comprar apenas pelo dividendo é olhar o efeito, não a causa. O foco deve ser em companhias com fundamentos sólidos e histórico de geração de caixa que sustentem proventos regulares no longo prazo”, explica Sidney Lima analista da Ouro Preto investimentos.

Para Frederico Nobre, gestor da Warren, o que gera retorno no longo prazo é a combinação de dividendos e valorização do papel — o dividendo é uma consequência de bons resultados, não o contrário.

"O que podemos destacar aqui é que a isenção de imposto sobre dividendos (versus 15% sobre ganho de capital), cria uma vantagem relevante para quem pensa em fluxo de renda recorrente e que as ações que pagam dividendos dessa forma costumam ter um menor nível de volatilidade", aponta.

Entretanto, há quem ache que vale a pena. Segundo Flávio Conde, analista da Levante de Investimentos, há estudos que mostraram que nos últimos 30 anos, ou seja, desde o plano real, 75% das ações que mais subiram e remuneraram foram as que pagam altos dividendos — e o investidor reinvestiu o dinheiro.

“É óbvio que se o cliente precisa do dinheiro, seja dividendos ou JCP para os gastos do dia a dia, tudo bem embolsar, mas se ele não precisa do dinheiro, a melhor coisa a se fazer é reinvestir na própria ação”, comenta Conde.

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