Invest

Tributar dividendos irá afastar o investidor da Bolsa, diz Barsi

Para Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoa física da bolsa, a tributação de dividendos pode se caracterizar como bitributação

Barsi: "O país já tem uma uma tributação penosa e, agora, está sendo direcionada aos dividendos" (Germano Lüders/Exame)

Barsi: "O país já tem uma uma tributação penosa e, agora, está sendo direcionada aos dividendos" (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona
Karla Mamona

Editora da Homepage

Publicado em 6 de julho de 2021 às 20h03.

Última atualização em 15 de julho de 2025 às 14h50.

Tudo sobreluiz-barsi
Saiba mais

Luiz Barsi, um dos maiores investidores pessoas físicas da bolsa brasileira e presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), criticou a reforma tributária que tramita na Câmara dos Deputados.  

Para o bilionário, a proposta que prevê a tributação de dividendos em 20% irá afastar o investidor da bolsa de valores. “O país já tem uma uma tributação penosa e, agora, está sendo direcionada aos dividendos. A tributação vai inibir o cidadão de investir no nosso país”, disse em live realizada nesta terça-feira, 6, no canal Ações Garantem Futuro, no Youtube. 

A política vai seguir dando o tom na bolsa? Vai. E você pode aproveitar as oportunidades.  Aprenda a investir com a EXAME Academy 

Barsi comentou ainda que na década de 70, o Brasil chegou a tributar os dividendos, mas que a medida foi suspensa por se caracterizar como bitributação, já que o lucro já era tributado.“Espero que entendam que se trata novamente de uma bitributação.”

Para Barsi, a tributação deveria ser aplicada quando houvesse “especulação.” Segundo o bilionário, isso faria com que o investidor pensasse nas ações como um investimento de longo prazo. Para ele, os fundos deveriam ser tributados em 15%, assim como as pessoas físicas já são. “Os fundos fazem miséria no mercado. Eles têm privilégios e são isentos.”

De acordo com o economista, no mercado especulativo, apenas a B3 e os fundos são os vencedores. Barsi é um dos críticos da bolsa brasileira devido ao monopólio, já que não existe concorrência, e o excesso de cobrança do investidor: como taxa de corretagem, liquidação, registro, clearing, entre outros. "Antes de tributar os dividendos, o governo deveria tributar a especulação."

Ele também criticou uma possível extinção do “juros sobre capital próprio", chamando de retrocesso. "Os juros sobre capital próprio estimula o empresário a reinvestir aquilo que ele se beneficiou. Ele repõe na empresa cash flow. Não é possível que este governo e um economista, como Paulo Guedes,tenham uma visão tão míope que irá suprimir benefícios tão importantes para a economia do país", finalizou o bilionário. 

Mais de 50 anos de mercado

Economista com décadas de experiência no mercado financeiro, Barsi é referência quando se trata de investimentos. O bilionário construiu o seu patrimônio com a chamada "carteira previdenciária." A estratégia consiste em direcionar todos os investimentos para ações de empresas sólidas e que sejam boas pagadoras de dividendos, visando a formação de um patrimônio de longo prazo. “É investir em bons projetos, é uma parceria de longo prazo, você se torna um pequeno dono dessas empresas", explicou em recente entrevista à EXAME Invest. 

Mais do que olhar para o preço da ação e eventuais valorizações, o que importa para uma carteira de renda mensal de longo prazo é a renda recorrente que ela gera. Isto vem da distribuição de dividendos e dos pagamentos de juros sobre capital próprio, as duas principais formas pelas quais as companhias de capital aberto compartilham seus lucros com seus acionistas na Bolsa. Se houver mudança com a reforma, Barsi afirma que sua carteira segue sendo uma boa estratégia. "Eu tenho absoluta segurança que investir em ações é a melhor forma de formar patrimônio."

Acompanhe tudo sobre:Bilionáriosbolsas-de-valoresAçõesMercado financeiroDividendosBilionários brasileirosluiz-barsiPaulo GuedesReforma tributária

Mais de Invest

PMIs, julgamento de Bolsonaro e audiência em Washington: o que move os mercados

Cade abre investigação sobre venda da operação de níquel da Anglo American, diz Financial Times

África do Sul como polo de terceirização? Setor no país deve chegar a US$ 6,8 bi até o final de 2030

Bolsas da Europa e dos EUA sobem com decisão que favorece o Google