Diversidade geracional: empresas com múltiplas gerações são mais inovadoras e produtivas. (Klaus Vedfelt/Getty Images)
Colunista
Publicado em 27 de junho de 2025 às 15h45.
A liderança em um mundo multigeracional é um desafio que exige adaptabilidade, empatia e visão estratégica. A convivência entre diferentes gerações no ambiente corporativo oferece uma oportunidade única para impulsionar o aprendizado e a inovação. Desde a juventude, percebo que liderar em um contexto multigeracional é uma jornada de descobertas, marcada pela valorização das diferenças e pelo respeito mútuo.
Quando comecei minha trajetória como líder, aos 23,24 anos, trabalhei em um banco nos Estados Unidos liderando equipes formadas por pessoas com o dobro da minha idade. Esse encontro inicial foi desafiador: para eles, a adaptação a uma liderança jovem; para mim, a grande responsabilidade de liderar. No entanto, ao fortalecermos nossas relações, transformamos essas diferenças em um elemento essencial para o sucesso do negócio.
Essa experiência foi indispensável na minha formação como líder e se repetiu em outros momentos marcantes, como quando retornei à Engeform para atuar no canteiro de obras que converteu o antigo Carandiru no Parque da Juventude. Cerca de três anos depois, passei a integrar a Diretoria da empresa e a conviver com os demais membros, todos de gerações anteriores à minha. Enquanto eles compartilhavam o modo de ser construído por quem nasceu na década de 1940, eu, nascido nos anos 1970, chegava com uma mente cheia de novas ideias para a época.
Essa mescla de gerações prova que, quando há colaboração, resultados extraordinários podem ser alcançados. Segundo estudos da McKinsey, empresas com mais diversidade intergeracional superam os 30% de probabilidade de apresentarem desempenho superior a outras organizações. Atualmente, os jovens trazem familiaridade com inteligência artificial, habilidades multiplataformas e uma busca por equilíbrio na vida pessoal e profissional, enquanto as gerações mais experientes oferecem maturidade emocional e uma visão estratégica consolidada. O segredo está em compreender os diferentes valores e em extrair o melhor de cada perspectiva.
Na Engeform, essa troca genuína entre gerações é incentivada diariamente. Criamos a Academia Engeform, um espaço estratégico dedicado à formação integral de equipes. É nesse espaço que conseguimos reunir várias gerações que se alternam em seus papéis. Frequentemente, os mais velhos assumem o papel de mentores e professores, compartilhando sua experiência e sabedoria com os mais jovens. Entretanto, quando o tema é inteligência artificial e novas tecnologias, entre outros temas contemporâneos, é comum vermos os mais jovens assumirem o papel de guias. Essa dinâmica nos ajuda a construir um ambiente corporativo vibrante, favorável ao enfrentamento dos desafios do presente e exploração de oportunidades do futuro.
E pensar no futuro também requer atenção às tendências demográficas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2050, 22% da população global terá mais de 60 anos. Nesse cenário, empresas terão ambientes onde múltiplas gerações — bisavós, avós, pais e filhos — trabalharão lado a lado, compartilhando experiências e contribuindo para o crescimento conjunto.
Para se preparar, é essencial que organizações promovam ambientes de trabalho colaborativos e respeitosos. Outros estudos indicam que empresas que investem em treinamento intergeracional registram aumento no engajamento e retenção dos colaboradores, criando uma cultura de aprendizado contínuo e inovação colaborativa.
A troca entre gerações é uma via de mão dupla que beneficia pessoas e organizações. No papel de diretor-superintendente, considero essa convivência uma responsabilidade e um privilégio. Por meio da colaboração entre tradição e inovação, diferentes perspectivas podem transformar não apenas empresas, mas também a sociedade.
Espero que este artigo inspire outras lideranças a abraçarem a riqueza das gerações no mercado de trabalho. Afinal, é na colaboração entre diferentes olhares que encontramos o verdadeiro potencial para transformar nossas organizações e o mundo.