Victor Dorobantu, o Mãozinha de Wandinha, estrela o novo filme de Guaraná Antarctica. Campanha resgata o jingle clássico com uma releitura sombria (Divulgação)
Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais
Publicado em 15 de julho de 2025 às 18h00.
Última atualização em 15 de julho de 2025 às 18h02.
Mais de três décadas depois de marcar gerações com um dos jingles mais lembrados da publicidade brasileira, Guaraná Antarctica traz de volta o clássico “Pipoca com Guaraná”. A música retorna em uma versão repaginada para celebrar a estreia da segunda temporada de Wandinha, série da Netflix, conectando o tradicional refrigerante da Ambev ao universo do streaming e à nova geração de consumidores.
Criado em 1991, com direção de Nizan Guanaes na agência DM9DDB, composição de César Brunetti e voz de Lucinha Lins, o jingle teve diversas releituras ao longo dos anos, incluindo interpretações de Carlinhos Brown (2008), Claudia Leitte (2011) e Manu Gavassi (2020).
“De fato, não é a primeira vez que o revisitamos, mas é a primeira em que trazemos uma releitura temática em parceria com uma plataforma de streaming, associada a um título relevante”, diz Guilherme Poyares, diretor de marketing de Guaraná Antarctica.
Desenvolvida pela agência CPB e produzida pela Barry, a nova campanha tem como mote “Horror é pipoca sem Guaraná” e estabelece um paralelo entre o universo sombrio de Wandinha e o consumo do refrigerante em momentos de lazer. “A melodia original foi preservada, mas a letra ganhou uma atualização que dialoga com a narrativa”, explica Poyares.
O filme principal é dividido em duas partes. A primeira mantém o jingle clássico, com a frase “Pipoca na panela, começa a arrebentar, pipoca com sal, que sede que dá”. Na segunda, a narrativa transita para o contexto de Wandinha, e a ausência da combinação tradicional provoca, nas palavras do executivo, um “grito de filme de terror, de suspense”.
Um dos pontos altos e curiosos da campanha é a participação de Victor Dorobantu, ator romeno que interpreta o personagem Mãozinha na série da Netflix. "Ele aparece preparando pipoca do jeito que ele faz e com a personalidade que tem na série, com um toque causado”, diz Poyares.
Segundo ele, o ator veio ao Brasil especialmente para a gravação. "Recebeu o roteiro e interpretou tudo com a mão, demonstrando uma super atenção à atuação dos gestos — como abrir a latinha ou dar um peteleco na pipoca.”
Com mais de 100 anos de história, Guaraná Antarctica busca mostrar sua capacidade de reinvenção ao atualizar um de seus símbolos mais fortes, preservando o vínculo emocional com as gerações que cresceram com a marca, enquanto se aproxima do público jovem.
“Nosso desafio constante é manter a marca viva e conectada com as gerações mais novas. Guaraná, uma marca centenária, sempre buscou isso. Uma das estratégias é estar presente na cultura pop, nos temas que movimentam as conversas das pessoas”, afirma o diretor de marketing.
Entre os principais insights criativos da campanha estão a nostalgia e o crescimento do consumo de conteúdo nas plataformas digitais no Brasil, que hoje é o segundo maior mercado de assinantes da Netflix, com mais de 20 milhões de usuários, e também um dos polos estratégicos para as plataformas, tanto em audiência quanto em produção local.
“Se no passado a dupla pipoca e Guaraná era inseparável do cinema, hoje o streaming ocupa esse lugar e gera conversas relevantes. A marca viu aí a oportunidade de recriar essa associação”, diz Poyares.
A escolha de Wandinha também não foi por acaso. Produzida por Tim Burton e lançada em 2022, a série teen foi a produção mais assistida da Netflix em 2023, com 98 milhões de horas visualizadas entre julho e dezembro — superando Alerta Vermelho e Round 6. Desde a estreia, já ultrapassou a marca de 250 milhões de visualizações no mundo.
A campanha 360 graus alcança o consumidor por múltiplos canais, incluindo TV, digital, mobiliário urbano, trade marketing, influenciadores e experiências. A marca também patrocina a série Wandinha, em parceria com a Netflix e a produtora MGN, e lançará embalagens temáticas com os personagens Wandinha e Mãozinha.
A ação integra uma estratégia de longo prazo para aumentar a frequência de compra, reforçando o refrigerante em momentos em que já é tradicionalmente consumido, como durante maratonas de séries.
“Vamos medir o quanto as pessoas entendem a associação entre pipoca e Guaraná, especialmente o público que não viveu o jingle original. Também avaliaremos a ligação com a parceria da Netflix”, afirma o diretor de Marketing, que não divulga valores de investimento nem de vendas.
Atualmente, o Guaraná Antarctica está presente em cerca de 1 milhão de pontos de venda. A marca aposta na força do som como ativo. “Todas as campanhas que têm um jingle muito forte têm uma lembrança maior. As campanhas clássicas têm tido bom feedback”, diz Poyares.
Segundo ele, o principal desafio da campanha é o equilíbrio entre as identidades das duas marcas, Guaraná e Wandinha, e a coordenação entre múltiplos stakeholders. “Temos um time integrado e comunicação constante com a Netflix para garantir o resultado”, afirma.
Sucesso nos anos 1990, o jingle “Pipoca com Guaraná” não apenas reposicionou a Guaraná Antarctica diante de um novo público, mas também entrou para a história da publicidade brasileira como um dos comerciais mais memoráveis de todos os tempos. Criada pela agência DM9DDB sob direção de Nizan Guanaes, a campanha surgiu da necessidade estratégica de ampliar o consumo do refrigerante entre adolescentes, público até então pouco explorado pela marca.
O insight criativo de Guanaes — associar o Guaraná ao hábito nacional de comer pipoca — ganhou vida na melodia composta por César Brunetti e produzida pela MCR, sob liderança de Sérgio Campanelli. A voz marcante da atriz e cantora Lucinha Lins eternizou a música, que foi captada no filme publicitário dirigido por Flávia Moraes, com fotografia de Michel Chevalier e produção da Film.
Com versos como “Pipoca na panela começa a arrebentar/Guaraná na garrafa começa a gelar…”, a campanha reforçava o consumo afetivo e doméstico do refrigerante, em momentos simples como assistir TV ao lado de alguém querido. Sua linguagem acessível e ritmo contagiante fixaram a marca na memória coletiva dos brasileiros, transformando o jingle em um verdadeiro hino da combinação caseira mais brasileira.
A campanha conquistou diversos prêmios, incluindo o troféu Lâmpada de Ouro no Festival Brasileiro do Filme Publicitário e o Grande Prêmio Cidade do Rio de Janeiro. Mais do que o reconhecimento, a Guaraná Antarctica alcançou crescimento em vendas, ampliação do público consumidor e reforço do posicionamento como marca afetiva, brasileira e presente no cotidiano.
A força do jingle ultrapassou gerações. Ele ganhou releituras com Carlinhos Brown em 2008, Claudia Leitte em 2011 e Manu Gavassi em 2020, esta última produzida remotamente pela agência Soko durante a pandemia. No Carnaval, o hit foi adaptado com o verso “quero ver pipoca pular, pipoca com Guaraná”.
Mesmo com as atualizações, a essência se manteve: fortalecer o vínculo emocional entre produto e consumidor. Ao transformar um hábito cultural em uma plataforma de comunicação, a Guaraná Antarctica criou um ativo que permanece vivo mais de 30 anos depois.
A série teen Wandinha, sucesso global da Netflix, retorna no próximo dia 6 de agosto com novos episódios e uma abordagem mais sombria. Após o fenômeno da primeira temporada, que levou a personagem de Jenna Ortega ao topo das tendências nas redes sociais, o segundo ano promete menos drama adolescente e mais elementos clássicos do terror.
Jenna Ortega, que volta ao papel de Wandinha Addams, também assumirá uma nova função nos bastidores: será produtora da temporada. A atriz afirmou que participou ativamente da construção da trama, dos roteiros e da concepção visual dos episódios. “Queremos deixar o tom mais sombrio e tirar a personagem dos dilemas românticos”, disse Ortega em entrevista recente. Saiba mais aqui na reportagem completa de EXAME POP.