Marketing

A volta da guerra das cervejas

Ainda não dá para saber se é uma bolha nem quanto tempo vai durar, mas o fato é que a guerra das cervejas está de volta, com direito a brigas na Justiça, discussão na mídia e dança de cadeiras entre as agências de publicidade. Na semana passada, a AmBev conseguiu uma liminar para tirar do […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h54.

Ainda não dá para saber se é uma bolha nem quanto tempo vai durar, mas o fato é que a guerra das cervejas está de volta, com direito a brigas na Justiça, discussão na mídia e dança de cadeiras entre as agências de publicidade.
Na semana passada, a AmBev conseguiu uma liminar para tirar do ar a propaganda em que o Grupo Schincariol comparava a sua cerveja, a Nova Schin, às outras. No filme chamado de Teste cego , um ator, com venda nos olhos, prova primeiro a Nova Schin e, satisfeito com a bebida, decide não experimentar as outras marcas, que na propaganda estão expostas com os devidos rótulos. No dia seguinte da proibição, a Schincariol passou a veicular um novo comercial, previamente pronto, onde os rótulos apareciam cobertos. Batizado de Teste ceguíssimo , o filme durou 24 horas - a Justiça também suspendeu sua veiculação.

Detalhe: nesse meio tempo, a AmBev veiculou uma propaganda que chamou de Teste surdo , em resposta à Schincariol. No filme, um ator, com os ouvidos tapados, não ouve um grupo de pessoas gritando experimenta , mote da campanha de lançamento da Nova Schin, em setembro.

Independentemente da briga de liminares, o fato é que a campanha criada pelo publicitário Eduardo Fischer, da Fischer América, empurrou as vendas da Schincariol para o alto num brevíssimo espaço de tempo. A antiga Schin não chegava a deter 10% de participação no mercado. Segundo Luiz Cláudio Toya, gerente de marketing do Grupo Schincariol, a Nova Schin possui 14,2% do mercado de cervejas (número de novembro). Esperávamos alcançar esse patamar em dois anos, não em dois meses. A resposta do consumidor nos surpreendeu , afirmou.

A concorrência admite a perda de participação de mercado, mas se diz cética quanto à sustentação da nova cerveja. É uma bolha , avalia Miguel Patrício, diretor de marketing da AmBev, que detém cerca de 65% do mercado de cervejas, com marcas como Brahma, Antáctica e Skol.

Eles fizeram um investimento megalomaníaco na mídia. Não entendo de onde uma empresa desse porte pode tirar dinheiro para manter uma campanha dessas por longo tempo , diz o executivo, que diz que a AmBev investe anualmente 350 milhões em marketing.

Nem todo mundo concorda. Se é mesmo uma bolha ainda não dá para saber, mas com o aumento de participação no mercado a Schincariol está ganhando dinheiro, que pode ser direcionado para a propaganda , diz o consultor de marketing Vicente Florenzano.

O Grupo Schincariol está investindo 120 milhões de reais em marketing. A verba será usada entre o segundo semestre deste ano e o primeiro do próximo. Há quatro anos patrocinando o Carnaval de Salvador, em 2004 aempresa estará presente pela primeira vez também nos carnavais de São Paulo e do Rio de Janeiro, além do Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1. Chegamos para movimentar a categoria de cerveja, que estava muito estável , diz Taya.

Pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha sobre a lembrança das marcas de cerveja mostrou que, entre julho e agosto, a Schincariol saltou de 0% para 29,7%, posição líder, enquanto a Brahma, em segundo lugar, passou de 8,5% para 12,%.

Taya admite que na escolha do publicitário Eduardo Fischer pesou muito o trabalho que ele realizou no início dos anos 90 para a própria Brahma. Foi Fischer o criador da campanha Número 1 , propagada pelos campos e pela torcida brasileira da Copa do Mundo de 1994.

Outro especialista em marketing, Jaime Troiano, elogia a qualidade de comunicação da campanha feita pela Fischer América. Eles conseguiram convencer o consumidor a experimentar, a se dispor a quebrar preconceitos e hábitos tradicionais , diz.

Quem acabou mesmo sendo atropelada por essa briga foi a canadense Molson, dona das marcas Kaiser e Bavária, que afirma deter 13% do mercado de cervejas. Mas a fabricante também se arma para entrar nesta briga. Na última terça-feira (18/11), a empresa anunciou a troca da agência NewcommBates, do publicitário Roberto Justus, com quem trabalhava desdeo final de 1998, pela W/Brasil, de Washington Olivetto. A Molson diz que o investimento em marketing será de 150 milhões de reais em 2004. Apesar de a empresa afirmar que esse volume é equivalente ao investido nos últimos anos, fontes ligadas ao mercado publicitário dizem que na realidade os recursos eram muito mais baixos. Os canadenses estavam focados em reduzir custos e diminuíram a verba para a publicidade , diz um executivo ligado à empresa. Elee afirma que desde quando a Molson comprou a Bavária, em 2000, essa cerveja só perdeu participação no mercado.

O próprio presidente da Cervejarias Kaiser no Brasil, o canadense Robert Coallier, há 14 meses no país, diz que agora é que a empresa vai focar na consolidação das marcas. Até então, ele admite que uma das suas prioridades era reduzir despesas e equiparar a cervejaria aos índices mundiais de custos. Não à toa, Coallier era vice-presiente financeiro na matriz.

O publicitário Washington Olivetto concorda que a empresa está um pouco atrasada para colocar suas campanhas no ar, com o verão já batendo à porta. Vamos ter de ser ágeis , diz ele, que promete para o início de 2004 as primeiras peças publicitárias na TV.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Marketing

Amazon resgata música banida para reforçar apoio ao futebol feminino

Bob’s cutuca Méqui e BK em campanha romântica e dá Milk Shake em dobro para casais “rivais”

Jogo épico da final de Roland Garros pôde ser conferida em watch party promovida por Lacoste em SP

Starbucks oferece salário de até US$ 136 mil para criadores de conteúdo viajarem pelo mundo