Marketing

'Vale Tudo': morte de Odete Roitman atrai corrida de marcas e lota intervalos

Reprise se tornou a novela de maior faturamento da Globo, superou 'Pantanal' em entregas comerciais e atrai mais de 20 anunciantes na reta final

Odete Roitman em “Vale Tudo”: mistério sobre a personagem segue como motor de audiência e publicidade (Globo/Fabio Rocha)

Odete Roitman em “Vale Tudo”: mistério sobre a personagem segue como motor de audiência e publicidade (Globo/Fabio Rocha)

Juliana Pio
Juliana Pio

Editora-assistente de Marketing e Projetos Especiais

Publicado em 3 de outubro de 2025 às 21h31.

Última atualização em 3 de outubro de 2025 às 21h42.

Tudo sobreestrategias-de-marketing
Saiba mais

A reprise de “Vale Tudo” entrou na reta final transformada em fenômeno não apenas de audiência, mas também de negócios. A novela, exibida desde março, já alcançou mais de 146 milhões de pessoas e se consolidou como a trama de maior faturamento da história da TV Globo, superando recordes anteriores de engajamento e volume comercial.

O capítulo exibido no último dia 30 de setembro, em que Heleninha (Paolla Oliveira) descobre que o irmão está vivo, marcou 30 pontos no PNT (Painel Nacional de Televisão, sistema da Kantar Ibope que consolida dados de várias regiões do país). Foi a maior audiência de uma novela das nove desde janeiro de 2024, quando “Terra e Paixão” ocupava o horário.

O crescimento, segundo a Globo, vem sendo registrado mês a mês. Em agosto, a novela havia atingido sua melhor marca até então, com média de 25 pontos e 43% de participação, 14% acima do desempenho da estreia em março.

Já entre os dias 1º e 6 de setembro, alcançou 27 pontos e 45% de participação no PNT. Ao fim do mês, a média nacional subiu para 26 pontos, superando agosto e consolidando o mês como o mais forte da reprise até agora.

No capítulo do dia 30, os recordes também se espalharam pelas praças: Recife (35 pontos), Fortaleza (31), Porto Alegre (29), Vitória (28), Campinas (25) e Goiânia (24). No Rio de Janeiro e em São Paulo, os índices chegaram a 35 e 29 pontos, igualando os melhores resultados desde a estreia.

Na área comercial, a Globo afirma que os capítulos finais têm intervalos praticamente esgotados. Mais de 20 marcas confirmaram presença, e sete delas — OMO, iFood, Dove, Itaú, Zé Delivery, Subway e Serasa — prepararam campanhas específicas ligadas ao suspense da morte de Odete Roitman.

“Momentos como esse mostram como o conteúdo da TV Globo é capaz de criar fenômenos culturais que mobilizam o Brasil”, diz Manzar Feres, diretora de Negócios da Globo. “São histórias que geram conversa em todo o país e criam oportunidades únicas para as marcas se conectarem de forma autêntica com milhões de pessoas ao mesmo tempo, seja na TV, no streaming ou nas redes sociais.”

Ainda conforme a empresa, o remake já superou o recorde de 'Pantanal' e soma 22 parceiros e 84 entregas de conteúdo de marca. Os valores, contudo, não são divulgados.

Entre os anunciantes estão Itaú, Vivo, BYD, Coca-Cola, Ambev, Uber, Dove, Omo, Comfort, Amazon, Paramount, Electrolux, Ram, O Boticário, L’Oréal, Hapvida, Johnson Baby, Chilli Beans, Cimed, Abbott, Copagaz e Coral.

No digital, a novela é o conteúdo sob demanda mais visto de 2025 no Globoplay e o título com maior alcance histórico na plataforma, considerando os primeiros 180 dias de publicação.

O consumo do horário das 21h no streaming cresceu 23% entre janeiro e agosto em relação ao mesmo período de 2024. A Globo informa ainda que “Vale Tudo” registra as maiores audiências semanais do Gshow desde outubro de 2022.

Nas redes sociais, 82% dos usuários que interagem com a hashtag #valetudo têm entre 18 e 34 anos. No TikTok, já circulam mais de 73 mil vídeos espontâneos relacionados à trama.

O desempenho da novela se dá em um momento de destaque comercial para o conglomerado de mídia. No Melhores e Maiores 2025, as Organizações Globo aparecem entre os principais destaques na categoria Participações e Mídia, como parte de uma recuperação financeira e estratégica.

Segundo o levantamento, a receita líquida chegou a R$ 17,3 bilhões em 2024, alta de cerca de 8% sobre o ano anterior. O lucro avançou 152%, elevando a margem a 12%, quase o dobro da média histórica do setor.

Conforme mostrou a EXAME, os resultados refletem uma reestruturação que incluiu o fortalecimento do Globoplay, a adoção de tecnologias para reduzir custos e uma reengenharia de produtos, substituindo contratos longos por projetos sob demanda.

Essas medidas permitiram ao grupo atravessar a competição crescente com a internet, num mercado em que TV e digital já concentram mais de 80% dos investimentos publicitários.

TV segue em alta

Relatório do Cenp-Meios mostra que a publicidade brasileira cresceu 12,52% no primeiro semestre de 2025, somando R$ 11,93 bilhões em Pedidos de Inserção executados.

A televisão manteve a liderança, concentrando 42,3% do total, sendo R$ 3,98 bilhões destinados à TV aberta. A internet aparece em seguida, com 40,2%, e a mídia OOH (externa) ocupa a terceira posição, com 11,9%.

Do total movimentado, 69% correspondem a veiculações nacionais (R$ 8,23 bilhões). Por região, o Sudeste lidera (R$ 2,23 bilhões), seguido por Nordeste (R$ 563,48 milhões), Sul (R$ 442,30 milhões), Centro-Oeste (R$ 335,52 milhões) e Norte (R$ 128,22 milhões). No recorte por meio:

  • Televisão: R$ 5,04 bilhões, sendo R$ 3,98 bilhões em TV aberta e R$ 1,05 bilhão em TV por assinatura
  • Internet: R$ 4,8 bilhões (divididos entre display/outros formatos, social, vídeo, busca e áudio)
  • OOH: R$ 1,42 bilhão
  • Rádio: R$ 441 milhões
  • Jornais: R$ 157 milhões
  • Revistas: R$ 32,8 milhões
  • Cinema: R$ 33 milhões

O documento enfatiza que os dados se referem a Pedidos de Inserção efetivamente executados entre janeiro e junho, provenientes de 327 agências que reportam ao Cenp.

Acompanhe tudo sobre:estrategias-de-marketingNovelasGloboAgências de publicidade

Mais de Marketing

Uniformidade mata, multiplicidade vende. O futuro é das marcas que se movem

Geração Z revela o que a aproxima das marcas — e o que faz perder a confiança

A 'Kings League' do truco chega ao streaming com Gaules e R$ 1 milhão de investimento

Bastidores de lideranças femininas no futebol vira documentário na HBO Max