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Ícone Planeta: com 38 andares de apartamentos, ele totaliza 141 metros de altura, sendo um dos mais altos do interior do Brasil. (Planeta/Divulgação)
Repórter de Mercados
Publicado em 14 de agosto de 2025 às 14h15.
Última atualização em 14 de agosto de 2025 às 15h25.
Localizada a duas horas de carro da capital, Sorocaba vem despontando como um novo destino para a expansão imobiliária em São Paulo. A cidade foi a única no país fora das capitais a aparecer nas primeiras posições do Índice de Demanda Imobiliária (IDI Brasil), que mede a atratividade de novos projetos, destacando aquelas com maior demanda por moradias.
Nos padrões econômico e médio, o município apareceu em quinto lugar. Já no de alto padrão, ficou em nono, ainda dentro do Top 10 do Brasil.
O movimento não é novo, mas vem ganhando tração. Dados de 2023 do Secovi já mostravam a cidade liderando em novos imóveis lançados em todo o interior paulista, superando cidades mais próximas da capital, como Campinas.
É em parte o efeito pós-pandemia, com o trabalho remoto. “Tivemos um movimento forte de migração de São Paulo para Sorocaba e, percebendo isso, as incorporadoras regionais não perderam tempo em colocar em prática seus projetos”, explica Julio Casas, diretor regional do Secovi.
A princípio, os lançamentos eram de médio e alto padrão. Agora, há dois anos, a cidade bateu recorde de lançamentos com 2 mil a 4 mil unidades do produto econômico.
“O eixo Anhanguera-Bandeirantes, com cidades como Jundiaí e Campinas, já está um pouco saturado. Aí vem Sorocaba, uma cidade bem menor e tranquila, mas com uma infraestrutura de capital”, explica.
Mas além do ‘efeito covid’, há também uma dinâmica própria da cidade. A começar pelos planos do prefeito, Rodrigo Manga — famoso no TikTok e um tanto hiperbólico —, que já afirmou que quer construir, junto à iniciativa privada, o que seria o maior prédio do mundo, com mais de um quilômetro de altura.
@rodrigomangaoficial SOROCABA PODERÁ TER O MAIOR PRÉDIO DO MUNDO!
Em dezembro houve a revisão do Plano Diretor, numa intenção de revitalizar o centro e trazer um adensamento de verticalização. Para isso, a cidade aboliu o limite de altura para os edifícios. “Sorocaba está aberta a ter prédios muito altos dentro do centro. Isso significa que prédios de 30, 50, até 70 andares ou mais são permitidos”, diz Casas.
Por ora, o título de maior prédio de Sorocaba — e de todo o interior do Brasil — é do Ícone Planeta. Entregue em 2023, com mais de 40 andares, ele é bem menor do que aspira Manga, com 141 metros de altura, mas ainda assim expressivo: é quase a altura do farol Santander, um dos prédios mais altos da capital paulista.
O Grupo Planeta, responsável pelo empreendimento, é o maior expoente da ascensão do mercado imobiliário na cidade. Atuando desde 2000 em Sorocaba, foram 63 empreendimentos entregues pela incorporadora — e, no momento, há 13 canteiros de obra da empresa em Sorocaba.
Voltada para médio e alto padrão, em 2023, a incorporadora viu espaço para crescer também no segmento econômico e lançou a marca Access para participar do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. O segundo empreendimento do tipo será entregue em 2026 e o terceiro em 2028.
“Estamos com uma esteira muito boa de obras e de vendas, é algo que vai ganhar corpo na companhia”, afirma Caio Evaristo Fernandes, diretor comercial do Grupo Planeta.
Fernandes refuta que haja um boom na cidade, mas sim um crescimento sustentável, que vem sendo construído há décadas, puxada especialmente pelo perfil industrial da cidade. E uma tríade de novos empreendimentos que prometem acelerar o crescimento da demanda por imóveis.
Em primeiro lugar, está a expansão da fábrica da Toyota, que a partir do próximo ano, vai receber a produção do Corolla Sedã, um dos carros-chefe da companhia, e que antes ficava em Indaiatuba.
“A vocação de Sorocaba, há pelo menos 30 anos, é receber a indústria de várias multinacionais, da produção de aço até a montagem de automóveis. Foi assim que a cidade cresceu e se tornou o que é hoje”, diz Augusto Viana, presidente do Creci-SP.
“Mas é inegável que vai ser uma das fábricas de maior magnitude da cidade.”
Além da nova fábrica, Itu, na divisa com o município, deve receber o parque temático da Cacau Show, um dos maiores da América Latina, com inauguração prevista para 2027.
Além dos brinquedos, o complexo contará ainda com dois hotéis e um shopping ao ar livre – tudo isso onde ficava a fábrica da antiga fabricante de chocolates Pan.
No pipeline, está ainda um projeto de um trem para ligar Sorocaba à capital paulista, o chamado Trem Intercidades (TIC) Eixo Oeste, que promete fazer o projeto em 60 minutos no modo expresso.
Tudo ainda na fase de planos: o projeto está em fase de consulta pública, com previsão de leilão para uma PPP ainda em 2025 e início da operação estimado para 2031.
Se o projeto, com investimento estimado em R$ 11,6 bilhões, vai sair do papel, é uma grande questão. Mas que não deve impedir a joia do interior paulista de continuar a brilhar.