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Caixa: na carteira atual, R$ 900 bilhões em crédito imobiliário (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter de Mercados
Publicado em 27 de novembro de 2025 às 11h04.
A Caixa registrou lucro recorrente de R$ 3,8 bilhões no terceiro trimestre de 2025, alta de 15,4% na comparação anual e de 2,2% frente ao segundo trimestre. O ROE (retorno sobre patrimônio líquido) recorrente alcançou 11,9%, crescimento de 2,6 p.p. em 12 meses.
O desempenho foi impulsionado, sobretudo, pelo crescimento da carteira.
O segmento imobiliário registrou saldo de R$ 905 bilhões no terceiro trimestre, com crescimento anual de 11,4%. No período, foram R$ 67,8 bilhões de contratações, aumento de 6,9% em relação ao mesmo trimestre de 2024.
“O setor imobiliário continua sendo e vai ser por muito tempo a nossa alavanca. Neste semestre, tiveram mudanças estruturais no segmento. Como a mudança do funding, patrocinada pelo Banco Central. Toda medida que tem um componente macroeconômico estruturante é permanente”, afirmou Vieira.
Em outubro, o governo federal anunciou mudanças nas regras de direcionamento dos recursos da poupança. Antes, 65% do montante captado pelo SBPE (Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo) era destinado à habitação, 20% ao recolhimento compulsório no Banco Central e 15% de uso livre.
Com o novo modelo, o compulsório cai para 15% e será zerado ao longo de dez anos. A ideia é ampliar a liberdade dos bancos para utilizar recursos captados via poupança, desde que direcionem quantias equivalentes para o crédito imobiliário.
Os números mostram que o banco já vinha adaptando suas fontes de captação. A poupança teve alta anual modesta, de 2,9%, totalizando R$ 392 bilhões. Em contrapartida, as letras de crédito imobiliário (LCI) cresceram 37,5% no período, para R$ 236 bilhões.
“Quando a taxa de juros chegar num patamar ideal, funding não será mais uma preocupação. E o mercado secundário será a grande virada. A previsão é liberar R$ 1 trilhão em financiamento nos próximos 10 anos com a medida que envolve o compulsório, com R$ 38 bilhões já nos próximos 12 meses”, comemora.
Apesar do lucro recorrente de R$ 3,8 bilhões e do crescimento da carteira, ainda há a pressão pelo avanço da inadimplência em segmentos como agronegócio e crédito livre para empresas.
A margem financeira somou R$ 16,5 bilhões, com alta de 1% no trimestre e de 14% em 12 meses. Já as provisões para devedores duvidosos dispararam: somaram R$ 5,1 bilhões entre julho e setembro, avanço de 43,9% em relação ao trimestre anterior e de 64,5% frente ao mesmo período de 2024.
O índice de inadimplência acima de 90 dias subiu a 3,01% em setembro, ante 2,66% em junho e 2,27% um ano antes. No crédito imobiliário, o indicador ficou em 1,30%, levemente acima dos 1,26% do trimestre anterior, mas abaixo dos 1,42% de setembro de 2024.
O salto mais acentuado veio do agronegócio: a inadimplência atingiu 11,20%, após ter fechado o segundo trimestre em 7,02% e setembro do ano passado em 3,35%.
No crédito livre para pessoa física, a inadimplência subiu para 6,25% (ante 6,11% e 4,45%, respectivamente). Já para empresas, o índice chegou a 12,50%, frente a 11,28% em junho e 7,77% em setembro de 2024.